Inflação por faixa de renda no Brasil: quem é mais impactado?

Por Jamaika Prado, Maria Clara Mazzini, Pedro Vidigal e Weslem Faria

Em outubro, o Indicador de Inflação por Faixa de Renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) registrou taxas de inflação variando entre 1,14% para as famílias pertencentes às classes de renda mais alta (renda domiciliar maior que R$ 17.260,14) e 0,51% no segmento de renda mais baixa (menor que R$ 1.726,01). No acumulado do ano, a inflação varia entre 4,43% para o segmento de renda média baixa (entre R$ 2.589,02 e R$ 4.315,04) e 5,99% para o segmento de renda alta. No acumulado em 12 meses, a inflação varia entre 6,17% para as famílias de renda média baixa e 7,95% para as famílias de renda mais alta​.

Em geral, as maiores contribuições à inflação vieram dos grupos de alimentos e bebidas, saúde e cuidados pessoais e transportes. No entanto, a intensidade dessas altas se difere entre as classes de renda. Para as quatro classes de renda mais baixa (até R$ 8.630,07) a alta dos preços dos alimentos e bebidas, saúde e cuidados pessoais foram os principais fatores de pressão inflacionária. A influência exercida pelos grupos de alimentos e bebidas foi decorrente de uma alta de preços que atingiu os subgrupos de itens de grande relevância na cesta de consumo como tubérculos (14,3%), frutas (3,6%), farináceos (1,3%), panificados (1,0%) e de aves e ovos (0,97%). Já a pressão vinda do grupo de saúde e cuidados pessoais deveu-se à alta dos artigos de higiene (2,3%). Para os segmentos de renda mais alta os aumentos do grupo de transportes, especialmente das passagens aéreas (23,4%) formam os maiores pontos de impacto inflacionário.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, observa-se recuo da inflação para todas as faixas de renda. Para as famílias de renda mais baixa, essa desaceleração da inflação corrente é resultado do bom desempenho de sete dos nove grupos que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas os grupos de saúde e cuidados pessoais e de educação registraram taxas de variações, em outubro de 2022, acima das verificadas em outubro de 2021.

Embora os produtos tenham a mesma variação para todas as classes de renda é importante ressaltar que o peso muda conforme o salário mensal. Para as famílias das classes mais baixas, o peso dos alimentos corresponde a uma parcela significativa da renda. Assim, quando há pressão inflacionária sobre os alimentos, os consumidores precisam fazer compressão de renda e substituir um alimento por outro. A inflação no grupo de alimentos também afeta os segmentos de renda mais alta, porém eles possuem uma cesta mais completa e conseguem usar parte da renda, por exemplo, com atividades de recreação e viagens.

Por outro lado, quando há alta inflação nos planos de saúde e passagens aéreas o impacto é maior sobre as famílias com renda mais alta. Isso porque a maioria das pessoas de baixa renda utiliza o sistema público de saúde e não possui plano de saúde. O mesmo vale para o transporte. Conforme observado, o impacto da inflação sobre as classes de renda irá depender do conjunto de bens e serviços que cada grupo consome.

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