Pauta Global
A Conferência sobre o Clima é mais uma oportunidade para se discutirem ações importantes que garantam o futuro de gerações, hoje sob ameaça ante o descontrole gerado pelo próprio homem
A conferência climática (COP27), iniciada no domingo no Egito, tem uma agenda atual e importante, pois começa no período em que a natureza tem dado fortes manifestações por conta dos danos provocados pelo homem. É importante por ser um momento especial para discussão dessas demandas, que, vira e mexe, entram na agenda dos agentes públicos, mas esbarram em uma série de empecilhos a despeito da realidade dos fatos. O mundo finge que não é com ele, mas a conta está chegando.
Não é de que hoje que acordos internacionais são firmados, cuja execução é precária ou nenhuma. A COP27 tem entre suas metas cobrar dos dirigentes o que falam em períodos eleitorais ou em encontros como esse. Eleito no dia 30 de outubro para o seu terceiro mandato, o ex-presidente Lula confirmou presença. Será, é fato, uma das estrelas do momento por conta do próprio país, que se ausentou de fóruns importantes nos últimos anos. Lula, durante a campanha, falou bastante sobre meio ambiente e clima, mas deve estar convencido de que o mundo não é o mesmo que deixou em 2010, quando encerrou o seu segundo mandato.
As demandas já não são as mesmas, e as velhas questões estão mais críticas. Por isso, não bastará falar para o seleto público. Terá que comprovar com projetos que irá fazer o dever de casa, a começar pela reversão do desmatamento na Amazônia, que chegou a níveis preocupantes, mas também sobre políticas de saneamento das cidades. O Brasil não chega aos níveis de países como China e Estados Unidos, mas também deve estar atento aos índices de emissão de gases.
As cúpulas são importantes, sobretudo, para troca de experiências e captação de recursos. Vários países têm capital para investir, mas só o fazem em cima de propostas reais. Por outro lado, é necessário avaliar que tipo de interesse estará em jogo. A questão ambiental não é uma agenda simples, embora necessária.
A mudança de estações é uma das etapas mais emblemáticas. No Hemisfério Norte já há preocupações com o inverno ante as consequências da guerra na Ucrânia. A Rússia, um dos maiores fornecedores de gás, condiciona suas exportações ao desbloqueio das relações econômicas com a Europa. E o inverno, como se prevê, será intenso.
Ao Sul do Equador, o verão chega trazendo consigo as tempestades. Embora seja um dado sazonal, as cidades continuam despreparadas para enfrentar os alagamentos e as quedas de barreiras. Os anos passam, e as tragédias, lamentavelmente, continuam ocorrendo por leniência de lideranças e pela falta de recursos para seu controle. No ano passado, centenas de pessoas morreram na Região Serrana do Rio de Janeiro. As prefeituras da região – em sua maioria – pouco fizeram para evitar a repetição de tragédias.
Com o avanço da ocupação desordenada, as metrópoles precisam de atualizações permanentes em suas políticas, o que nem sempre ocorre. As águas que ora chegam e vão até o fechamento do verão, em março, serão um desafio para os municípios brasileiros. Quem fez ou está fazendo o dever de casa, certamente, terá mais controle da situação.