Grupo de palhaƧos juiz-forano estreia neste final de semana
TripanĆ³ssomos apresenta o espetĆ”culo āCirco de SĆ³ Eleā, no sĆ”bado e no domingo, no teatro do Museu FerroviĆ”rio
Encontros vĆ£o proporcionando cada vez mais encontros. NĆ£o Ć© Ć toa os artistas dizerem que sĆ£o exatamente esses encontros o grande barato da profissĆ£o. Durante a pandemia, artistas de Juiz de Fora se juntaram para formar o Movimento ArtĆstico EvolucionĆ”rio (Mare). Uma sĆ©rie de encontros (naquele momento, virtuais) foram sendo facilitados no perĆodo. Foi a partir do Mare que foi possĆvel a produĆ§Ć£o dos dois episĆ³dios de āCabaret dos Seres da Ribaltaā: espetĆ”culo virtual em formato de uma sĆ©rie segmentada. E foi a partir desses encontros que Rodrigo Mangal, Mara Bomtempo e Revelino Mattos se juntaram e decidiram instaurar o grupo de palhaƧos TripanĆ³ssomos, que faz sua estreia, neste final de semana, com a apresentaĆ§Ć£o do espetĆ”culo āCirco de SĆ³ Eleā, sĆ”bado (8) e domingo (9), Ć s 16h, no teatro do Museu FerroviĆ”rio. Os ingressos estĆ£o sendo vendidos na Mergulho Academia (Rua Batista de Oliveira 1.032, Granbery) ou atravĆ©s do Sympla.
No primeiro āCabaret dos Seres da Ribalta”, o TripanĆ³ssomos dava suas caras sem saber que sairia dali um grupo de palhaƧos juiz-forano. Rodrigo dirigiu a cena āMe dĆ” essa pipocaā, com a atuaĆ§Ć£o de Revelino e Mara. Esse primeiro contato entre eles jĆ” deu vontade e margem para que fizessem surgir dali outras cenas e espetĆ”culos. AtĆ© que, oficialmente, o TripanĆ³ssomos estava formado.
Para fazer essa estreia do grupo, formado em 2021, foi escolhido o āCirco de SĆ³ Eleā, que tem roteiro e direĆ§Ć£o de Rodrigo que, junto com Revelino, Mara e Leonardo Vital, ainda atua no espetĆ”culo. Rodrigo comeƧou sua histĆ³ria na palhaƧaria a partir do grupo paulista ParlapatƵes. LĆ”, ele teve acesso Ć s principais cenas clĆ”ssicas de palhaƧo, chamadas de reprise. Ele teve a ideia de incluĆ-las no texto. Mas faltava, entĆ£o, um mote para unir as cenas e, a partir delas, contar uma histĆ³ria.
āEm funĆ§Ć£o das cenas, ocorreu-me essa ideia de que houvesse essas intervenƧƵes com os nĆŗmeros de habilidades circenses, porque eu tinha feito um trabalho hĆ” uns quatro anos com o Leonardo Vital. A primeira ideia foi conciliar essa cena de palhaƧo com os nĆŗmeros de habilidade circense deleā, explica Rodrigo. A partir daĆ, ele teve a ideia de criar um personagem, no caso, um palhaƧo, que fosse tĆ£o interessante que tivesse um circo sĆ³ dele, ou seja: o āCirco de SĆ³ Eleā.
A histĆ³ria conta sobre dois palhaƧos, ClĆ”udio e a Maria Pudim, que vĆ£o assistir Ć apresentaĆ§Ć£o de Nikolai VlovlĆ³ski que, no texto, Ć© considerado o maior artista de circo do mundo. AfrĆ¢nio, o mestre de cerimĆ“nias do circo, escolhe exatamente ClĆ”udio e Maria Pudim para subirem ao palco. Entremeados na histĆ³ria, estĆ£o os episĆ³dios de mĆ”gica, malabares, equilibrismo e as clĆ”ssicas interaƧƵes com a plateia, alĆ©m das reprises. āEsse Ć© o nosso projeto de estreia para a cidade. E unir essa histĆ³ria foi muito divertido. Quando eu tive essa sacada do āCirco de SĆ³ Eleā, desse nome, isso trouxe uma conduĆ§Ć£o pra histĆ³ria e um encadeamento no roteiro que ficou perfeito e se encaixou perfeitamente com essas cenas que eu jĆ” tinha, essas cenas tradicionais, precisando fazer apenas algumas alteraƧƵesā, pontua Rodrigo.
Entre o humor e a arte circense
Existem, na cidade, diversos grupos que se debruƧam no humor. PorĆ©m, sĆ£o poucos aqueles que escolhem a arte da palhaƧaria. Isso, de acordo com Rodrigo, Ć© comum principalmente nas cidades do interior. āTalvez por conta da arte do circo nĆ£o estar tĆ£o no auge como jĆ” foi hĆ” tempos. O humor, realmente, comeƧou a se modernizar e uma das formas de modernizaĆ§Ć£o foi retirar qualquer tipo de caricatura, seja no figurino ou na arte, por exemplo, no nariz de palhaƧo. Talvez a arte da palhaƧaria continue existindo, mas nĆ£o com aquela estĆ©tica do palhaƧo clĆ”ssico. E isso Ć© no geral.ā Criar o TripanĆ³ssomos, entĆ£o, vem para preencher essa lacuna e possibilitar o acesso na cidade a esse tipo de cultura e fomentar o interesse na palhaƧaria em Juiz de Fora.
Na prĆ³pria vida de Rodrigo a palhaƧaria surgiu como uma questĆ£o do acaso. Em Juiz de Fora, participava do grupo Teatro de Quintal, que tem essa caracterĆstica mais humorĆstica. Em SĆ£o Paulo, entĆ£o, entrou no ParlapatƵes e participou do projeto Circo Roda Brasil, que foi onde teve acesso Ć quelas reprises. āA experiĆŖncia no humor jĆ” era inerente a mim e nĆ£o foi difĆcil eu me adaptar. Ali eu entrei nesse universo mais especĆfico do palhaƧo. De 2008 atĆ© hoje, eu me inteirei nesse universo e me identifiquei. Todo humorista Ć© palhaƧo em um certo sentido, talvez sĆ³ nĆ£o tenha o nariz e a maquiagemā, conclui.
Rodrigo ainda garante que outros projetos do TripanĆ³ssomos devem sair no ano que vem. Mas que, alĆ©m desses dois dias de apresentaĆ§Ć£o neste final de semana, a ideia Ć© fazer, tambĆ©m, uma temporada, para que mais pessoas consigam assistir ao āCirco de SĆ³ Eleā.