OCDE: A entrada do Brasil no “clube dos paĆ­ses ricos”

Por Mylena Carvalho e Rafael Teixeira

Na semana passada, o Conselho de Ministros da OrganizaĆ§Ć£o para a CooperaĆ§Ć£o e Desenvolvimento EconĆ“mico (OCDE) permitiu que o Brasil desse inĆ­cio ao processo de entrada na organizaĆ§Ć£o. Trata-se de um procedimento longo cuja conclusĆ£o pode levar mais de trĆŖs anos.

A OCDE Ć© um grupo de cooperaĆ§Ć£o entre paĆ­ses que tem como objetivo “construir polĆ­ticas melhores para vidas melhores”, como diz sua descriĆ§Ć£o oficial. A OrganizaĆ§Ć£o teve seus primĆ³rdios em 1948, na criaĆ§Ć£o da OrganizaĆ§Ć£o para a CooperaĆ§Ć£o EconĆ“mica Europeia (OCEE): uma entidade que reunia 18 paĆ­ses com o objetivo de administrar os recursos voltados Ć  reconstruĆ§Ć£o da Europa apĆ³s a Segunda Guerra Mundial. O nome OCDE foi adotado apĆ³s o ingresso dos Estados Unidos e do CanadĆ”, em 1960.

Seu trabalho Ć© baseado em trĆŖs pilares: informar (via coleta, anĆ”lise e divulgaĆ§Ć£o de dados globais); influenciar (por meio de diĆ”logos e parcerias com as diferentes lideranƧas) e criar padrƵes de referĆŖncias, em assuntos diversos como educaĆ§Ć£o, impostos ou meio ambiente. Atualmente, a organizaĆ§Ć£o conta com 38 membros – sendo que a maior parte deles Ć© de paĆ­ses desenvolvidos.

Em termos prĆ”ticos, o ingresso na OCDE possibilitaria ao Brasil obter crĆ©ditos internacionais a juros mais baixos, alĆ©m de aumentar a credibilidade do paĆ­s aos olhos de investidores internacionais, jĆ” que alguns fundos de investimento exigem que seu patrimĆ“nio seja aplicado apenas nos paĆ­ses que aderiram aos cĆ³digos de boas prĆ”ticas da organizaĆ§Ć£o. O Brasil tambĆ©m passaria a participar de encontros e acordos de cooperaĆ§Ć£o, estreitando laƧos econĆ“micos.

Da AmĆ©rica Latina, Chile, MĆ©xico, ColĆ“mbia e Costa Rica jĆ” fazem parte da OCDE. O Brasil chegou a ser convidado para iniciar o processo de entrada durante o governo Lula, mas recusou. A carta pedindo o acesso sĆ³ foi enviada em 2017, durante o governo de Michel Temer.

Para ser aceito como membro, o Brasil deverĆ” enrijecer o comprometimento com temas como democracia, agenda ambiental, direitos humanos, combate Ć  corrupĆ§Ć£o e Ć  pobreza. Trata-se de grandes desafios visto que, apenas em 2021, o desmatamento na AmazĆ“nia cresceu 29%, atingindo seu maior valor em dez anos – como apontam dados do Imazon – enquanto o paĆ­s continua com desempenho abaixo da mĆ©dia global no combate Ć  corrupĆ§Ć£o, de acordo com a ONG TransparĆŖncia Internacional.

AlĆ©m disso, Ć© preciso que o Brasil realize uma reforma tributĆ”ria que elimine bitributaƧƵes. Este tema estĆ” em discussĆ£o hĆ” mais de 20 anos, mas o Congresso nunca conseguiu aprovar um texto de consenso. Apesar dos entraves, dos atuais seis atuais candidatos Ć  sĆ³cios da OCDE, o Brasil se encontra em posiĆ§Ć£o privilegiada, jĆ” tendo aderido a 103 dos 253 dos instrumentos legais necessĆ”rios ao seu ingresso.

Conjuntura e Mercados

Conjuntura e Mercados

A Tribuna de Minas nĆ£o se responsabiliza por este conteĆŗdo e pelas informaƧƵes sobre os produtos/serviƧos promovidos nesta publicaĆ§Ć£o.

Os comentĆ”rios nĆ£o representam a opiniĆ£o do jornal; a responsabilidade pelo seu conteĆŗdo Ć© exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaƧas a seus jornalistas, bem como xingamentos, injĆŗrias e agressƵes a terceiros. Mensagens de conteĆŗdo homofĆ³bico, racista, xenofĆ³bico e que propaguem discursos de Ć³dio e/ou informaƧƵes falsas tambĆ©m nĆ£o serĆ£o toleradas. A infraĆ§Ć£o reiterada da polĆ­tica de comunicaĆ§Ć£o da Tribuna levarĆ” Ć  exclusĆ£o permanente do responsĆ”vel pelos comentĆ”rios.



Leia tambƩm