A inflação, sem dúvida, é um dos assuntos mais evidenciados nas mídias nos últimos meses. E não é à toa, dado que o Brasil tem uma longa e dolorosa história com ela. Nos anos 1980, as altas taxas da inflação assolaram a sociedade, marcando na memória da população o quão terrível a inflação pode ser. Mas, você sabe o que é a inflação? Em termos gerais, a inflação é definida como o aumento contínuo e generalizado dos preços de produtos e serviços, impactando diretamente no poder de compra.
Na maior parte dos casos, a elevação da inflação pode ser causada por pressões na demanda e/ou no custo de produção. A ascensão da inflação pela demanda está atrelada ao aumento do consumo de bens e serviços. Já quando o acréscimo ocorre devido ao custo de produção, observamos a alta de preços para produzir um produto ou oferecer um serviço como, por exemplo, a alta do petróleo, que impacta diretamente nos preços dos combustíveis.
Para medir o valor da inflação, o Governo adota o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. O indicador tem como objetivo mensurar a inflação em um conjunto de produtos e serviços que compõem a cesta de consumo dos brasileiros, tendo como público-alvo as famílias com renda entre 1 a 40 salários mínimos de 10 regiões metropolitanas e 7 municípios.
Em sua última pesquisa, com referência ao mês de setembro de 2021, o IPCA registrou um aumento de 1,16%, maior variação para o mês desde 1994. Sendo que, dos nove setores de produtos e serviços analisados, 8 tiveram aumento em setembro. O índice teve maior variação no setor de habitação, com um impacto de 0,41 ponto percentual (p.p), seguido pelos setores de transportes (0,38 p.p) e alimentação e bebida (0,21 p.p).
O aumento no setor de habitação é consequência, principalmente, da elevação das taxas de energia elétrica e impacta grande parte da população brasileira. Vale lembrar que no mês de setembro passou a valer a bandeira Escassez Hídrica, que aumentou o valor da conta de luz em R$14,20 por 100 KWh consumido.
Para o transporte, o maior vilão foram os combustíveis, que subiram 2,43%, por consequência da alta da gasolina (2,32%) e do etanol (3,79%). Já o setor de alimentação e bebidas teve seu aumento atrelado basicamente aos produtos da alimentação no domicílio, com ênfase nas frutas, café moído e frango.
De modo geral, a alta do IPCA de 1,16% foi uma “surpresa”, já que a expectativa para o mês era de um índice mais elevado. Porém, o que assusta é o acumulado nos últimos 12 meses, com uma alta de 10,25%, já que, segundo especialistas, a perda do bem-estar não será recuperada tão facilmente, visto que a parcela da população que mais sente os impactos da inflação é a de menor renda.
Por Gabriel Manhães e Jardel Aquino