Confira 4 livros de Karen Blixen
Escritora dinamarquesa, um dos nomes mais importantes da literatura feminina do século XX, tem vários livros em catálogo no Brasil
Na última terça-feira (7) completaram-se 59 anos da morte da escritora dinamarquesa Karen Blixen (1885-1962), que tem uma das trajetórias mais peculiares da história da literatura. Marcada na infância pelo suicídio do pai, um militar, casou-se com um primo distante numa idade tardia para os padrões da época (28 anos), tornou-se baronesa e viveu quase 20 anos na África, onde sofreu com a infidelidade do marido até conseguir o divórcio, 11 anos depois.
A carreira literária teve início apenas aos 49 anos, ainda sob pseudônimo, mas seus dois primeiros livros despertaram o interesse da comunidade literária e da crítica, tornando Karen uma figura reconhecida a ponto de ser lembrada diversas vezes como candidata ao Nobel de Literatura. Sua carreira, ainda que curta, foi marcada por romances e contos que misturavam os mais diversos temas, incluindo religião, filosofia, sua vida pessoal e até elementos fantásticos e do sobrenatural.
Por conta do aniversário de morte da escritora, recomendamos quatro livros de Karen Blixen publicados atualmente no Brasil pela Sesi-SP Editora, sendo que um deles tem apenas o conto “A festa de Babette”. Num momento de valorização de autoras mulheres, nada melhor que relembrar um dos nomes mais marcantes da literatura feminina de meados da década passada. Algumas de suas histórias, inclusive, foram adaptadas para o cinema.
“Sete narrativas góticas”
Primeiro livro de Karen Blixen, “Sete narrativas góticas” foi lançado em 1934, quando ela tinha 49 anos de idade e já havia retornado da África, e mesmo assim sob o pseudônimo de Isak Dinesen. Os sete contos da publicação, em sua maioria, se passam no início do século XIX e são inspirados pela chamada literatura gótica, anterior ao realismo e que era marcada por tramas mirabolantes e quase inverossímeis, repletas de reviravoltas e elementos sobrenaturais. Entre as histórias escritas por Blixen em sua estreia literária estão “O dilúvio em Noderney”, “A ceia em Elsinore” e “O velho cavaleiro”.
“A fazenda africana”
Karen Blixen também mostrou talento especial para as obras de não-ficção. Lançado em 1937, “A fazenda africana” tornou-se o mais conhecido livro da escritora e é um registro autobiográfico do período (1914 a 1931) em que viveu em uma fazenda no Quênia, após casar-se com um primo distante. Foi um período nada fácil para Blixen, que contraiu sífilis no primeiro ano de casamento – provavelmente por conta das traições do então marido – e precisou administrar uma fazenda em um país desconhecido. Sua vida na África também foi marcada, após o divórcio, pelo romance com Denys Finch Hatton. O livro foi adaptado para o cinema em 1985, ganhando no Brasil o título de “Entre dois amores”, com Meryl Streep e Robert Redford no elenco. O longa levou sete prêmios do Oscar, incluindo melhor filme, direção e roteiro adaptado.
“Anedotas do destino”
Lançado em 1958, “Anedotas do destino” reúne cinco contos, um deles “A festa de Babette”. Os outros quatro mostram o talento da escritora como contadora de histórias, além de sua admiração pela obra de Shakespeare e o fascínio pelas religiões do mundo. “A história imortal” é sobre um homem idoso, rico, poderoso e arrogante a ponto de querer transformar uma história inventada por marinheiros em realidade, por não admitir histórias que não sejam reais; “O mergulhador” tem como protagonista um jovem teólogo que, inspirado pelos anjos, sonha em construir asas que o aproximem de Deus; “Tempestades”, inspirada em “A tempestade”, de Shakespeare, mostra a atriz e o dono de uma companhia de teatro que tornam inexistente a linha que separa a realidade da ficção; e “O anel” apresenta uma mulher recém-casada que vê seu paraíso ser perturbado quando se depara com a dura realidade da miséria e da fome, materializada na figura de um desconhecido.
“A festa de Babette”
Um dos contos de “Anedotas do destino” ganhou publicação à parte; afinal, a história tornou-se mais conhecida no Brasil graças ao filme homônimo, lançado em 1987, que deu à Dinamarca o seu primeiro Oscar na categoria filme estrangeiro. A história se passa na década de 1870, em um vilarejo dinamarquês. Numa noite chuvosa, duas irmãs solteironas e extremamente religiosas são procuradas por uma cozinheira que fugiu da França após os eventos da Comuna de Paris. Ela vem recomendada por um antigo amigo das irmãs, um cantor de ópera, e aceita trabalhar como faxineira em troca de abrigo. Tempos depois, ela ganha uma fortuna na loteria e, em agradecimento, quer oferecer um rico banquete para as irmãs e seus amigos da comunidade religiosa, provocando um alvoroço num grupo acostumado a viver na mais absoluta austeridade.