Varejo farmacêutico: o melhor remédio é a prevenção?

Por Por Jonas Carvalho e Mariana Curbani

O impacto da paralisação nas atividades, eminente ao combate da pandemia de Covid-19, teve impactos assustadores para a maioria dos setores da economia. Existem, no entanto, aqueles que fogem dessa regra. Esse é o caso do setor farmacêutico, por exemplo, que viveu no centro dos holofotes em 2020. Escassez de insumos e problemas diplomáticos tornaram a alta na demanda do setor uma preocupação para o sétimo maior mercado farmacêutico do mundo, mas não foram suficientes para frear o crescimento do mesmo.

Segundo dados da IQVIA (empresa especializada em tecnologia da informação em saúde e pesquisa clínica que audita o setor), com o volume movimentado de, aproximadamente, R$ 113,02 bilhões. As vendas que se destacaram neste período foram as de suplementos, vitaminas, relaxantes e antidepressivos. Além disso, ainda se evidencia a venda de produtos classificados como “não medicamentos”, como por exemplo, mercadorias de higiene pessoal.

Nesse sentido, em meio ao período de isolamento social em 2020, houve um crescimento do “e-commerce” na atividade dado que, conforme a Abrafarma, as vendas on-line dos membros da entidade tiveram um aumento de 137,11% em relação ao ano de 2019, expandindo de 1% para 3% a participação do comércio digital no volume de negócios. Além disso, a própria ação política do Governo federal impulsionou vendas: divulgados como tratamento para a Covid-19 mesmo sem consenso científico, o “kit covid” teve seus componentes mais que quintuplicados em vendas durante 2020, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Segundo diretores da Abrafarma, a expansão da atividade também se deve à busca da população por mais qualidade de vida, ao envelhecimento da sociedade e pela falta de capacidade de absorção do sistema público de saúde das demandas sanitárias dos brasileiros.

Entretanto, a indústria farmacêutica brasileira foi exposta à sua realidade frágil de dependência externa durante a pandemia, porque mais de 90% dos medicamentos acabados e princípios ativos de genéricos são importados e, com o câmbio em alta, a compra de medicamentos torna-se mais dispendiosa. De acordo com o Ministério da Saúde, são gastos aproximadamente 15 bilhões de reais anuais na compra de medicamentos, dos quais cerca de 30% são comprados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Neste viés, os países que mais investem em ciência básica e inovação são os produtores de medicamentos, concentrando o monopólio do conhecimento produtivo e das patentes. Os Estados Unidos produzem cerca de 60% de todos os medicamentos do mundo, a Europa e países asiáticos vêm logo atrás. Assim, o Brasil se torna dependente de outros países para o consumo de remédios, o que, todavia, não cria situações para a concentração na distribuição do produto dentro do país: a Abrafarma tem participação de mercado de 45% no segmento, representando apenas 10% das 80 mil farmácias em funcionamento dentro do país.

Ainda em 2018, o setor farmacêutico varejista cresceu 9% no Brasil, mantendo o ritmo de expansão da atividade na cidade menor do que o nacional, o que, no entanto, não é pretexto para crer num desempenho ruim do segmento dentro do município, visto que Juiz de Fora apresenta a relação de uma farmácia por 2361 habitantes, número três vezes maior que o indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Conjuntura e Mercados

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