Conta de energia: por que está indo por água abaixo?

Por Por Débora Mendonça e Iris Barquette

A pandemia do coronavírus impactou diretamente o bolso dos brasileiros. O aumento nos preços de alimentos da cesta básica e de combustíveis, além da elevação do desemprego no país foram fatores que provocaram a diminuição do poder de compra da população brasileira. Ademais, somado a estas condições, tem-se a crise hídrica no país, mais um problema que pode ocasionar a elevação do custo orçamentário mensal das famílias por meio do aumento da conta de energia elétrica.

Diante do período de diminuição da chuva em grande parte do Brasil, as principais hidrelétricas atuam com um volume mais baixo de seus reservatórios de água, o que dificulta a produção energética e a torna mais custosa. Desde o fim de maio deste ano, o governo federal emite alertas de emergência em relação ao armazenamento das hidrelétricas, principalmente, das regiões do Sudeste e do Centro-Oeste, as quais concentram 70% da capacidade de armazenamento d’água para geração de energia no país e, atualmente, não alcançam 30% do total de seus reservatórios. De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a escassez de chuvas no Brasil é a pior em mais de 90 anos e, dada a dependência nacional da energia hidrelétrica, o aumento da conta de energia dos consumidores brasileiros é diretamente impactado, podendo chegar a um aumento de até 60% em julho. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o novo valor cobrado no próximo mês seria o da bandeira vermelha 2, condição que duraria até novembro quando começa um período mais chuvoso.

Uma proposta seria o governo acionar mais usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia. Contudo, segundo o Ministério de Minas e Energia, estima-se que o uso de termelétricas resultará em um custo de R$ 9 bilhões aos consumidores e será sentido no próximo ano com um aumento de 5% no total da tarifa de luz. O aumento ocorre devido às usinas termelétricas serem mais custosas. Além disso, elas também são mais poluentes do que as usinas hidrelétricas.

Como alternativa à diminuição de fontes poluentes tem-se a produção de energia solar. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), a escolha por fontes renováveis é uma alternativa eficaz e que proporciona economia ao orçamento dos seus consumidores. De acordo com o engenheiro eletricista e especialista em energia solar, Daniel Haubert de Freitas, “os fornecedores de equipamentos têm tido cada vez mais redução dos preços. Antigamente, era muito caro instalar energia solar. Porém, agora, é mais atrativo”, entretanto, essa opção de geração de energia ainda chega ao bolso dos brasileiros de forma diferente, haja vista que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), há incentivos atuais para o setor que estão pesando para os mais pobres, os quais pagam contas de energia mais caras, enquanto os mais ricos conseguem utilizar dos benefícios.

Como forma de mensurar a expansão dessa fonte energética, entende-se que, em 2050, conforme análise da consultoria Bloomberg New Energy Finance, cerca de 32% da energia nacional viria da fonte solar, enquanto a hidrelétrica cairia para 30%. Dessa maneira, é notório que o uso da energia solar além de ser uma alternativa na redução dos impactos da escassez hídrica no Brasil, também se consolidará como forte tendência de fonte energética nos próximos anos.

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