A atividade de microempreendedores individuais (MEIs) gera grande debate, visto que, por um lado, a remuneração de serviços como entregadores e motoristas de aplicativos é considerada baixa, por outro, a função permite maior autonomia na definição das horas de trabalho. De certo, nos últimos anos, a atividade vem crescendo no Brasil, e, com a chegada da pandemia, o setor alavancou, alcançando a marca de 11,3 milhões de MEIs ativos no final de 2020, segundo o Portal do Empreendedor.
Para entender o grande aumento do microempreendedorismo, faz-se necessário uma análise anterior ao cenário atual. Em 2014, o Brasil iniciou um processo de recessão econômica, com o desemprego adquirindo aumento expressivo em 2015, o que piorou em 2016, com a taxa de desemprego chegando na casa dos dois dígitos. Desde então, o índice se manteve em um patamar alto, atingindo 11,9% em 2019 e 14% em 2020, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ademais, do final de 2015 ao final de 2020, o número de MEIs aumentou em 100%, segundo o Portal do Empreendedor, com um dado impressionante nesse intervalo de tempo: em 2018, de acordo com levantamento da Serasa Experian, 81,4% das empresas abertas no Brasil foram MEIs. Desse modo, os dados de aumento do número de desempregados e, ao mesmo tempo, do número de microempreendedores, evidenciam
que o crescimento do setor pode estar vinculado à conjuntura econômica do país.
Em vista disso, segundo levantamento feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e as Pequenas Empresas (Sebrae-MG), em Minas Gerais, houve um aumento de 2% no número de novos MEIs em 2020, quando comparado a 2019. O estado teve o terceiro maior número de registro de novos MEIs: foram 204.748 formalizações, ficando atrás apenas dos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A cidade de Juiz de Fora ocupou o quarto lugar no estado com 6.549 novas formalizações. Por aqui, o crescimento do microempreendedorismo evidenciou-se principalmente no setor alimentício: de acordo com o Ministério da Economia, 1233 novos empreendimentos iniciaram suas atividades no ramo.
A atividade, com forte expressão no Brasil e na região de Juiz de Fora, tem diferentes perspectivas futuras. Segundo o Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon), os pequenos negócios estão mais propensos a investir e aponta para uma tendência de expansão para os próximos meses. Contudo, de acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae-MG, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), os pequenos negócios voltaram a ser atingidos pela nova onda de Covid-19, interrompendo o movimento de recuperação dessas empresas. Dessa forma, a possibilidade de piora da situação sanitária pode frustrar o ano promissor esperado pelos microempresários.
Jonas Carvalho e Marcos Sena
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