Mais um tombo (inédito) para o ritmo do emprego

Por Por Paulo Betbeder

De acordo com os dados trimestrais da PNAD Contínua – divulgados pelo IBGE – no quarto trimestre de 2019 o país atingiu o patamar dos 11% de brasileiros desocupados (cerca de 11,6 milhões de pessoas). Número preocupante quando comparado à taxa de desocupação de 6,5% obtida no último trimestre de 2014.

Mas nada se compara ao cenário que deverá ser observado após a crise da COVID 19. Inicialmente considerada mais uma pedra no caminho para uma economia que tropeça desde 2015, agora o cenário é totalmente diferente. No primeiro trimestre de 2020, além do efeito sazonal das demissões de início de ano, o fechamento de estabelecimentos não essenciais já começa a aparecer nas estatísticas. Nesse período, a taxa de desocupação evidenciada na PNAD em níveis nacionais subiu para 12,2%, o que representa cerca de 12,9 milhões de pessoas desocupadas no país no fim do trimestre.

Em Juiz de Fora, segundo os dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a situação não é diferente. Apesar de ter fechado 2018 e 2019 com saldos positivos no âmbito do emprego formal (1.928 e 2.896 novas vagas, respectivamente) após as consecutivas e significativas quedas de 2016 e 2017, a crise do coronavírus trava novamente a lenta recuperação que vinha acontecendo no nível de emprego.

Um fato inédito, entretanto, é que o real retrato da situação de desemprego não se encontra nítido. Isso porque a crise do coronavírus afetou inclusive o recolhimento dos dados que informam tal situação. O próprio CAGED, que pode ser utilizado para evidenciar a situação juiz-forana e de outros municípios da região da Zona da Mata, por exemplo, está suspenso desde janeiro por questões de plataforma de dados. Agora, entretanto, figura como ‘sem prazo de retorno’ por conta do coronavírus.

Como se vê, a crise impôs um novo ritmo que é diferente do observado frente a outras crises econômicas. Atenção, resistência e paciência são alguns dos termos de enfrentamento da crise. E a preocupação é semelhante desde as esferas municipais até a nacional. Quem viver, verá aquilo que, por ora, não é possível prever.

Tribuna

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