Polícia reconstitui cena de crime que resultou em morte de professora
Fabiana Filipino Coelho foi atingida por disparo, efetuado por um PM reformado, que tentava apreender um adolescente suspeito de roubo
A Delegacia Especializada em Homicídios, da Polícia Civil, realizou nesta terça-feira (10) a reconstituição do crime que resultou na morte da professora Fabiana Filipino Coelho, 44 anos. Ela foi vítima do disparo da arma de fogo de um policial militar reformado, na manhã do dia 20 de novembro, após um assalto cometido por um adolescente de 16 anos na Rua Marechal Deodoro, Centro de Juiz de Fora. Armado com uma faca, o garoto efetuou um roubo próximo à Praça da Estação e fugiu em direção à Rua Marechal Deodoro, onde foi abordado pelo policial reformado. O PM atirou contra o rapaz, mas atingiu a professora, que passava pelo local. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu, no mesmo dia, no Hospital Albert Sabin. O principal ponto que o delegado Rodrigo Rolli busca desvendar é o trajeto da bala que atingiu a professora. Rolli quer saber se o tiro atingiu Fabiana diretamente ou se ricocheteou em algum obstáculo.
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A reconstituição teve início por volta das 8h. A ação policial chamou a atenção de quem passava pela via, que precisou ser fechada para o tráfego em alguns momentos. O adolescente não participou, segundo Rolli, pelo fato de o Estatuto da Criança e do Adolescente garantir a preservação de sua imagem, já que haveria presença da imprensa. O trabalho foi conduzido por Rodrigo Rolli e dividido em duas etapas. Na primeira delas, o delegado e outros policiais civis reconstituíram o crime com a presença de duas testemunhas. Elas apontaram o que viram e ouviram durante a ação que resultou na morte de Fabiana. Em seguida, o policial reformado que efetuou o disparo contou sua versão. O sargento da reserva ainda está se recuperando da lesão causada pela facada e fazia uso de uma tipoia para apoiar o braço esquerdo. O militar usou uma arma de fogo para exemplificar à equipe da especializada como foi sua ação. Durante todo o trabalho, os policiais civis usaram as imagens de câmeras de segurança para esclarecer pontos ainda obscuros.
Rolli decidiu fazer a reconstituição depois que o laudo de necropsia revelou que a bala perfurou o abdômen da vítima de baixo para cima, indicando que o projétil teria ricocheteado antes de atingi-la. Segundo ele, como Fabiana era de estatura baixa, com 1,49m, e tanto o autor dos disparos quanto o menor infrator são altos, com mais de 1,80m, isso pode significar que houve ricochete. “Ou seja, o disparo foi feito em direção ao adolescente, acertou a parede ou o chão, ricocheteou e entrou nela. Na parede não encontramos marcas, mas a bala pode ter atingido o chão. Não estou tirando conclusões, mas trabalhando com essa hipótese. A análise, quem faz é a perícia, é uma prova técnica”, comentou, destacando que a reconstituição foi muito importante.
Ricochete
De acordo com Rolli, está sendo levantado junto à perícia a possibilidade de se fazer uma análise do projétil retirado do cadáver da professora. “Isso vai determinar o seu calibre, para determinar se ele era mesmo da arma do policial reformado e ainda será feita uma segunda análise, que vai identificar se há alguma deformação. Essa possível deformação aponta, justamente, se houve ricochete ou não. Pode ser um ricochete externo, quando o projétil bate em algum obstáculo, como o chão, ou ricochete interno, quando ele pode ter pego no osso da bacia e subido”, destacou o delegado. Rolli finalizou afirmando que irá aguardar os laudos periciais e da reconstituição para traçar qual será a finalização do inquérito.