Cartas a JF: registros de bons tempos na cidade


Por Tribuna

20/05/2019 às 06h57

Angelina Nardy internaJuiz de Fora, meu amor

Nos meus saudosos tempos de menina, ouvia falar em seu nome, e, em minha cabeça de criança curiosa, você aparecia como uma Cinderela linda, enfeitada para o baile. Isso porque pertenço a uma família de muitos irmãos, e as conversas à noite eram infindáveis… A conversa em família é a primeira arena da vida, só que cercada de afeto. E Juiz de Fora surgia da boca de meu Pai, de minha Mãe e de meus irmãos, como uma grande metrópole.

Radiante fiquei aos meus seis aninhos quando Mamãe me disse: “Vamos a Juiz de Fora”.

Foi aí que a vi pela primeira vez. Você me pareceu grandiosa, numa comprida rua cheia de árvores, por onde os bondes passavam.

Antes de completar onze anos, papai me disse: “Chegou a sua vez de ir estudar em Juiz de Fora. É o melhor que posso fazer por você”. E foi mesmo.

Colégio Stella Matutina: austeridade alemã imbuída de grande carinho brasileiro. Cultura por todos os lados: Irmã Aglaé, Dr. Mozart Teixeira, Dona Risoleta Silva, Dona Hernestina Beraldo, Hilda Nardeli, Henriqueta Simões e, para as alunas, o apaixonante professor de inglês, olhos verdes, pele morena, Manoel Barbosa. O capelão do Colégio era o Santo Padre Adalberto Breurs, e eu assisti às missas todos os dias, dos onze aos dezoito anos. Mas nas saídas do internato, que ocorriam duas vezes por mês, você, Juiz de Fora, era, para mim, só festas: bailes nos DAs de todos os cursos, cinemas, festivais de teatro no Cine-Theatro Central, passeios à noite pela Rua Halfeld, paquerando meninos lindos, que se tornaram depois famosos e reconhecidos. Quanta saudade…

Com anel no dedo e diploma na mão, parti para novas paragens. Outros cursos, outros amores, muitos ideais, novas conquistas, casamento, filhas, mas você, Juiz de Fora, sempre presente no meu pensamento e no meu coração.

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A vida, às vezes, nos oferece guinadas de trezentos e sessenta graus, e, tendo que prosseguir com três filhas menores de idade, lembrei-me de meu pai. “Juiz de Fora é o melhor que posso fazer por você”. Voltei, dessa vez, definitivamente, porque a amo!

Com você, sou feliz! O poeta escreveu que “o reencontro é melhor que o próprio encontro”.
As minhas meninas, no seu aconchego, cresceram, progrediram e prosperaram. Deram-me também três netinhas, das quais você é, com orgulho, a terra natal. Então, receba, Juiz de Fora, meu amor, no seu aniversário, junto a essa declaração, minha imperecível gratidão.

Angelina Nardy
Escritora

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