Está difícil torcer para o esporte de Juiz de Fora
Há pouco mais de 15 dias, fomos eu, Raphaela Maximiano, revisora da Tribuna, e o senhor Wilimar, pai dela, ao jogo entre JF Vôlei e Lavras, no primeiro duelo das equipes nas quartas de final da Superliga B. O time local perdeu a primeira parcial, vencia bem a segunda, até que, mesmo com a vantagem de 17 a 10 no placar, cedeu uma incrível virada de set ao adversário. Incrédula e desapontada, Rapha solta a frase que dá nome à coluna de hoje: “Está difícil torcer para o esporte de Juiz de Fora”. O JF Vôlei acabou vencendo o terceiro set, perdendo o quarto e, consequentemente, a partida, e aquela frase ficou ecoando na minha cabeça.
Realmente, o momento esportivo da cidade em nada lembra os tempos de outrora. O JF Vôlei deu adeus ao sonho de voltar à elite nacional; o Tupi acumula uma queda para a Série D do Brasileiro e agora um descenso para o Módulo II do Mineiro; o Baeta se manteve na primeira divisão do Estadual, mas com uma campanha pouco inspiradora; o JF Imperadores, que levou milhares de torcedores em seus jogos, se atrapalhou nas parcerias e também busca se reencontrar no futebol americano.
Uma má fase que, somada a tantos outros problemas de esfera político-administrativa-econômica-cultural, acaba fazendo com que o juiz-forano perca um pouco do orgulho da cidade onde mora. Orgulho que – mesmo não sendo esportivo – pode ser exemplificado por Júlia Horta, eleita há poucos dias Miss Brasil, e lembrada em matérias, homenagens e diversas postagens – de amigos, conhecidos, conterrâneos que nem a conhecem, empresas, autoridades, etc.
Nem todos gostam de esportes. Nem todos acreditam no potencial transformador que ele tem. Mas é inegável perceber que boas campanhas contribuem para a autoestima de um povo (ou parte dele). No quanto afetam nossa noção de pertencimento, de identidade. No quanto nos envolvem e motivam.
A falta de espaço me impede de expor alguns achismos sobre o porquê de estarmos nesta situação. Ou de como a cidade poderia resgatar seu prestígio esportivo de década passadas. O que me resta de caracteres só me deixa destacar que a Rapha realmente tem razão a respeito do momento atual. “Está difícil torcer para o esporte de Juiz de Fora.”