Ideal libertário da Inconfidência marca entrega de medalhas
No ano em que completa 30 anos, a Tribuna recebeu hoje, em Ouro Preto, a Medalha da Inconfidência, maior honraria do Governo de Minas. A solenidade, que marcou as comemorações do Dia de Tiradentes no estado, foi conduzida pelo governador Antonio Anastasia (PSDB) e contou com a presença da presidente Dilma Rousseff (PT), a grande condecorada do dia, que recebeu o Grande Colar, comenda extraordinária recebida pelo ex-presidente Lula em 2003. Em seu discurso como oradora oficial da cerimônia, cheio de referências ao ideal de liberdade e democracia plena que persistem na História do Brasil, Dilma confirmou seu compromisso com o marco regulatório para o setor de mineração, a maior reivindicação de Minas ao Governo federal. "A compensação é condição para que nossas reservas naturais tenham sentido, para que não se concentrem apenas nas mãos de poucos", afirmou a presidente. A declaração foi uma resposta à cobrança feita por Anastasia, que inclusive criticou a não cobrança de ICMS sobre o minério exportado. "Não tem sido justo" com a população a "pouca ou quase nenhuma retribuição" pela exportação do minério. "Minas confia na União para que se componha um quadro de equilíbrio e responsabilidade", disse o governador.
O pacto político-econômico entre os governos federal e estadual foi o único momento a fugir do roteiro de celebração do ideal libertário da Inconfidência. Durante a abertura da solenidade, houve a execução do Hino Nacional e disparo de 21 tiros de canhão por oficiais da Polícia Militar. Mais de 200 autoridades e cidadãos do estado foram homenageados com as medalhas da Inconfidência, de Honra e a Grande Medalha. A homenagem à Tribuna foi recebida pelo editor-geral do jornal, Paulo César Magella, que representou a direção no evento. O jornalista destacou a importância da honraria como reconhecimento ao trabalho exercido pelo veículo ao longo de suas três décadas de jornalismo. "A homenagem muito nos honra, pois é um reconhecimento ao trabalho que a Tribuna de Minas vem desenvolvendo nesses últimos 30 anos, não só registrando a história, mas também dela participando, como agente motivador do desenvolvimento da nossa região", enfatizou.
Anastasia também agraciou com a Grande Medalha da Inconfidência os ministros petistas Alexandre Padilha, da Saúde, José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Mirian Belchior, do Planejamento, Orçamento e Gestão. Condecorou ainda Ana de Holanda, Cultura, e Fernando Bezerra, Integração Nacional. Outros homenageados foram o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT), e o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Outros dois governadores – do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB) – e o senador Demóstenes Torres (DEM) também receberam a comenda.
Sepultamento simbólico de inconfidentes
Antes da entrega das comendas, que aconteceu na Praça Tiradentes, o governador e a presidente da República participaram, por volta das 10h50 do sepultamento dos restos mortais dos inconfidentes José de Resende Costa (pai), João Dias da Mota e o juiz-forano Domingos Vidal de Barbosa Lage no Museu da Inconfidência. Mais de dois séculos depois de seu degredo para a África, os três, que foram repatriados na primeira metade do século passado e tiveram suas ossadas identificadas recentemente por especialistas em odontologia legal da Unicamp, juntaram-se aos outros 13 inconfidentes sepultados no Panteão do museu. Durante o rito, Dilma e Anastasia depositaram coroas de flores na sepultura, simbolizando o reconhecimento do povo brasileiro e do povo mineiro.
Já na praça, Anastasia cumpriu a tradição e assinou o decreto transferindo simbolicamente a capital do estado para Ouro Preto. "O Governo se transferiu para Belo Horizonte, mas Ouro Preto continua sendo o fulcro dos sonhos dos mineiros", disse mais tarde, em seu discurso. Dilma completou: "Ouro Preto exerce agora o papel de capital de Minas Gerais e coração libertário do Brasil". Depois da transferência simbólica, ao lado de Dilma, o governador passou em revista a guarda formada por cadetes da Polícia Militar. Em seguida, coube à presidente a tarefa de acender a "Pira da Liberdade", que simboliza a chama da liberdade, em homenagem à Inconfidência Mineira.