Juiz-foranos marcam presença na corrida de São Silvestre
Pelo menos 130 juiz-foranos participam da corrida de rua mais famosa da América Latina nesta segunda (31), véspera do Ano Novo, entre eles Marcos Aurélio Cesário, que foi 5º lugar na Volta da Pampulha na categoria Deficientes Visuais
Cerca de 130 atletas de Juiz de Fora irão participar da mais tradicional corrida de rua da América Latina, a 94ª Corrida Internacional de São Silvestre. Entre eles estão Amanda Oliveira (Fac. Ed. Física Granbery/Cria UFJF), Jocemar Corrêa (Pé de Vento) e Marcos Aurélio Cesário Henrique (Super Amigos), acompanhado do guia Gedair Reis (JF Paralímpico). Enquanto alguns percorrem os 15km pelas ruas e avenidas da capital paulista em busca de baixar seus tempos e cumprir metas, outros correm pelo prazer de completar o desafio e celebram a chegada de 2019. Com cerca de 30 mil corredores em uma grande festa, a prova também é uma oportunidade de inclusão, num clima de confraternização. Pela programação dos organizadores, a categoria cadeirante terá início às 8h20. O pelotão de elite feminino terá largada às 8h40. E, às 9h, terá a partida do pelotão de elite masculino e atletas da categoria geral.
Após subir ao pódio como o quinto colocado na categoria Deficientes Visuais Masculino nos 18km da Volta Internacional da Pampulha esse ano, Marcos Aurélio, 51 anos, se prepara para mais um desafio na São Silvestre, pela quarta vez ao lado do guia Gedair Reis, 63, natural de Manhumirim (MG). Nessa edição, a dupla almeja completar a prova em 1h35min. “Nossa expectativa é largar e chegar, para isso a gente se prepara durante o ano”, comenta Marcos. “No meio do percurso vemos nosso andamento e vamos dosando para conseguir chegar bem e vibrar, porque a chegada é uma comemoração que não tem igual”, diz.
Os dois atletas se conheceram em 2010, quando Marcos retornava ao esporte após perder grande parte da visão, e Gedair passava a se dedicar como guia para deficientes visuais na Associação dos Cegos. “Ao assistir um professor correr com dois deficientes aquilo foi me cativando a ajudar. É muito diferente porque sou os olhos do rapaz”, conta Gedair, que pratica a corrida desde 2004.
Cuidado e diálogo
Além das subidas, descidas e o calor com os quais já estão acostumados, para completar a prova a dupla considera outros desafios. “No nosso caso, pela deficiência, tem que tomar muito cuidado, porque são muitas pessoas juntas e sai todo mundo louco. Então o cuidado do guia com o atleta é muito grande, porque ele tem que resguardar tanto a ele quanto a mim, é muito tenso. Mas temos o prazer de poder passar os obstáculos” comenta Marcos. “Vamos fazer a prova porque sabemos que temos lugar especial para a largada, mas um minuto atrás de nós sai a multidão com pessoas muito mais velozes”, completa o guia. “Antes de começar a descer a Consolação, eles estão nos ultrapassando e vem aquela avalanche em cima dos PCDs (pessoas com deficiência), pedindo passagem. Mas uns dois ou três quilômetros dá para correr tranquilo.”
Para Marcos, é o diálogo que irá garantir a melhor experiência durante o trajeto e ajuda a tornar a atividade prazerosa. É através da fala de Gedair que Marcos se orienta à respeito do percurso e é atualizado sobre quantos quilômetros já foram percorridos. “Como eu já via antes, tudo que ele vai narrando para mim vem à mente. As cores, as paisagens, as igrejas, os monumentos históricos de São Paulo, as pessoas cumprimentando a gente, o pessoal fantasiado, tudo vai vindo à mente, vou arquivando e processando. E é muito gostoso”, conta Marcus. Depois de tantos anos correndo juntos, a dupla também desenvolveu uma tradição, realizada sempre a poucos metros da linha de chegada, o ponto de comemoração. “Nas últimas dezenas de metros, ele chega sozinho ao som das palmas”, conta Gedair. “Fico de frente para ele, de costas para a chegada, e ele acompanha o som. É a liberdade dele de fazer o que quiser com as mãos livres.”
Jocemar quer fazer marca perto de 47min
Com a bagagem de seis títulos no Ranking de Corrida de Rua de Juiz de Fora e o 14º lugar geral na última Volta da Pampulha, Jocemar Corrêa (Pé de Vento) tem planos ainda maiores para a 94ª edição da São Silvestre, largando na frente junto aos atletas da elite. Em sua terceira participação, o corredor pretende não apenas superar a 67ª colocação que alcançou em 2008, como também bater a marca de cerca de 47min e terminar entre os dez primeiros gerais.
“Minha meta é ficar entre os dez geral e fazer uma boa marca, porque vai estar forte esse ano, tem três quenianos vindo, são os melhores do mundo, e fora os brasileiros e os latinos que vêm correr. Como esse ano estou treinando há três meses para essa prova, corri a Pampulha e consegui recuperar da anemia, estou vindo bem mais forte. É um ritmo muito puxado, mas se conseguir encaixar com os outros atletas dá para ir bem até Brigadeiro, quando são três quilômetros de subida: parte em que todo corredor reclama, com exceção dos quenianos”, conta o atleta de 33 anos.
Com cinco quilômetros de descida logo na largada e outros dez de subida e descida, Jocemar avalia o circuito como um trajeto pesado, e o novo horário da prova se torna um desafio a mais. “Tem algumas curvas perigosas que precisa ter cuidado para fazer. O percurso esse ano é o mesmo, o que muda é por ser de manhã, antes era à tarde, com isso pode estar muito quente, mas estou torcendo para o dia estar melhor. Se chover durante a prova dá para completar, o ruim é se chover antes, porque larga com o asfalto molhado, mas estamos preparados para correr de qualquer forma”, comenta.
Depois de um ano de conquistas, Jocemar diz se sentir ainda mais confiantes para sua última prova de 2018. “Senti uma melhora muito grande e estou muito forte. Corri duas provas semanas atrás, fiquei em primeiro geral em Três Rios (RJ) e em Guarani (MG), sendo que duas provas de um dia para o outro não é fácil de correr. Além disso, tinha quatro anos que não vencia o Ranking de Juiz de Fora, foi um ano muito bom para mim. Quero fechar com chave de ouro e, se Deus quiser, conseguir me destacar para ter mais patrocínio e sonhar para ser como outros atletas que podem continuar treinando”, planeja.
Estreia na elite
Quem também estará entre a elite é a atleta Amanda Oliveira (Fac. Ed. Física Granbery/Cria UFJF), 21. Este ano, ela venceu todas as provas do Ranking de Juiz de Fora das quais participou, além de terminar como sexta colocada na etapa final do Troféu Brasil de Atletismo, nos 5.000 metros. Em sua estréia entre as atletas de destaque, a meta da corredora é fazer a marca de 57min30s e chegar entre as vinte primeiras. Nos anos anteriores, Amanda fez bonito na São Silvestre, terminando em 25º geral em 2015 e 26º em 2016, sendo duas vezes campeã na categoria 18-19 anos.
“Já participei duas vezes, nas duas consegui uma excelente colocação, fui a primeira mulher logo atrás da elite em 25º em 2015 e venci na minha categoria. Estou muito feliz porque só de estar entre as melhores já é uma conquista grande, porque é muito difícil alcançar essa meta, tem que ter um índice para sair na elite. Quero dar o meu melhor e conseguir baixar bem meu tempo. As estrangeiras que dominam o pódio e também as brasileiras que estão conseguindo ficar entre as cinco, mas vou dar o meu máximo”, planeja a corredora natural de Mercês (MG).
“É uma prova que precisa ter bastante estratégia por causa das subidas. Tem que saber correr, não pode forçar muito no começo, porque depois pode quebrar. Tem que seguir o seu ritmo, fazer sua corrida, sem pensar na adversária”, comenta. Amanda ressalta ainda as dificuldades que conferem desvantagem diante das adversárias, mas que pretende superar. “A gente corre o ano inteiro e querendo ou não já chega desgastado para a São Silvestre, esses atletas de alto rendimento só correm cinco ou seis corridas durante o ano e chegam mais descansados para a prova, mas tenho confiança e não paro de treinar, estou o ano inteiro sem férias pensando na São Silvestre, que é a prova mais importante do país junto com o Troféu Brasil.”