Quais impactos esperar da alta do dólar para a economia brasileira?

Por Savio Sene e Larissa Latuf

Hoje o dólar é a principal moeda de transações internacionais e sua importância é incontestável. Os brasileiros também sentem os impactos da variação do preço da moeda, e isso acontece porque boa parte das matérias-primas brasileiras são importadas ou têm seus preços cotados em dólar e, como consequência da alta da moeda, diversos itens do cotidiano sofrem aumento de preço, como a gasolina, pão e até mesmo macarrão. A forte desvalorização da moeda da Turquia tem provocado turbulência nos mercados e um efeito dominó em outros países emergentes como o Brasil, sobretudo nas economias muito dependentes de capitais estrangeiros. As sucessivas altas do dólar também podem impactar na geração de emprego.

Basicamente, saem beneficiadas com a alta do dólar as empresas de turismo doméstico (ou seja, que vendem destinos nacionais), empresas que vendem para o mercado interno (já que evitam a concorrência dos importados), as exportadoras e a própria balança comercial. Por outro lado, perdem espaço as empresas importadoras, instituições que tenham dívidas internacionais negociadas em dólar e o consumidor final, que também inclui brasileiros vivendo no exterior e indivíduos que fizeram compras fora do país com o cartão de crédito.

A alta do dólar deve impactar também todas as commodities internacionais que estão vinculadas à moeda americana. Todas as áreas que dependem de importação de insumos, produtos ou manufaturados que vêm do exterior, como por exemplo, indústria farmacêutica, do trigo importado e dos combustíveis. Artigos de higiene, beleza e produtos de limpeza, os quais podem ser fabricados com componentes químicos derivados do petróleo e, portanto, importados ou cotados em dólar, também podem sofrer com a valorização do dólar. O consumidor deve ficar atento ao repasse nas prateleiras.

Os itens que são produzidos dentro do país também sofrem um acréscimo, como o café, soja, açúcar, carne e milho. Com o dólar em alta, vender o produto mais caro dentro do próprio Brasil é uma alternativa a exportá-lo, desde que o preço interno compense. Mas é claro que há também um aumento nas exportações, ou seja, se o país exporta mais, recebe mais moeda estrangeira como pagamento. Como consequência, consegue pagar suas importações e acaba sobrando moeda, o que chamamos de superávit da balança comercial, que é convertido em reserva para o país e que auxilia no equilíbrio da balança comercial. Portanto, a valorização do dólar em relação ao real, apesar de parecer só trazer elementos pessimistas, contribui para o aquecimento da economia e para a melhoria de alguns indicadores econômicos. Como se vê, em Economia, nem tudo é o que parece à primeira vista.

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