JF tem cinco óbitos por febre amarela e outros 17 pacientes internados
De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde, cidade tem maior número de casos junto com Mariana e Nova Lima. Juntos, os três municípios são responsáveis por 25% dos registros no estado
Juiz de Fora lidera o ranking dos municípios com maior número de casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais. Nesta terça-feira (27), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou que 22 juiz-foranos foram infectados pela doença, sendo que cinco deles morreram. A quantidade de diagnósticos confirmados em moradores de Juiz de Fora é a mesma de Mariana e Nova Lima, localizadas na região metropolitana de Belo Horizonte. Juntos, os três municípios contabilizam 25% dos 264 casos confirmados da doença em todo o estado.
Os dados constam no novo boletim epidemiológico divulgado pela SES semanalmente. O documento revela que, dos 22 casos de Juiz e Fora, 17 eram em pacientes hospitalizados, o que corresponde a seis a mais que o número divulgado no último informe epidemiológico, há uma semana. Em relação aos óbitos, esta semana uma nova morte foi confirmada, chegando aos cinco casos.
Apesar de Juiz de Fora aparecer na liderança, quando compara-se sua situação com as dos outros dois municípios com a mesma quantidade de confirmações, é possível perceber que o cenário é mais preocupante na região de Belo Horizonte. Isso porque Mariana tem 60 mil habitantes e Nova Lima, 92 mil, conforme dados de 2017 do IBGE, o que confere às duas cidades uma situação mais crítica proporcionalmente, já que Juiz de Fora tem uma população de 563 mil habitantes.
Regional
O documento da SES traz ainda o aumento de 11 casos em pacientes hospitalizados na regional de saúde de Juiz de Fora e três novos óbitos em decorrência da doença na região. Além do novo óbito de juiz-forano, as outras duas vítimas eram de Belmiro Braga e Santa Bárbara da Monte Verde. Ambas as cidades ainda não tinham aparecido nos informes da SES com confirmações de casos da doença. No total, a regional já registrou 26 diagnósticos em pacientes vivos e 23 mortes, totalizando 49 casos de febre amarela em 18 municípios.
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Na região, além da entrada de Belmiro Braga e Santa Bárbara do Monte Verde na lista de municípios com confirmações, estão na nova listagem os casos de moradores de Guarani e Pequeri. Foi registrada a ocorrência de febre amarela em um paciente hospitalizado em cada uma das duas cidades. Outra novidade é a confirmação de três pacientes infectados em Lima Duarte, Rio Preto e Santos Dumont, locais onde também já foram registrados óbitos por febre amarela.
Em todo o estado, já foram confirmadas 96 mortes por febre amarela, além de 168 casos em pacientes vivos. Outras 561 suspeitas em pacientes hospitalizados seguem em investigação, assim como 28 óbitos que podem ter relação com a doença. No total, 149 casos foram descartados até o momento, além de 16 mortes que, comprovadamente, tiveram relação com outras causas. Conforme a SES, a letalidade da doença é de 36,4%, sendo que a maioria dos infectados tinham entre 40 a 49 anos. Do total de casos confirmados, 235 são do sexo masculino e cinco do sexo feminino.
Procurada pela Tribuna para comentar o número de casos confirmados em Juiz de Fora, a Secretaria de Saúde informou que vem tomando todas as medidas necessárias para o enfrentamento da febre amarela desde o ano passado, com vacinação porta a porta, intensificação de controle vetorial em área urbana, bloqueio com inseticida, orientação da população e intensificação da imunização por meio de visita domiciliar em algumas regiões.
Zona da Mata
Na regional de Saúde de Barbacena, também foi registrado aumento no número de confirmações da doenças. Desde a última semana, nove casos em pacientes vivos foram confirmados, além de duas novas mortes. No total, 14 municípios já registraram moradores com febre amarela, com 19 diagnósticos em pacientes internados e 11 óbitos. Carandaí, Congonhas, Paiva e Rio Espera foram incluídas nas cidades com confirmações, sendo que, nas duas primeiras, um óbito foi registrado em cada uma. Em Paiva e Rio Espera, o boletim aponta que há um caso de paciente hospitalizado. Conselheiro Lafaiete é o município com maior número de casos, com cinco confirmações. Ouro Branco é a cidade com o maior número de mortes naquela região, com quatro óbitos e outros dois casos em pacientes vivos.
Na regional de Ponte Nova, também na Zona da Mata, a única novidade é a confirmação de mais uma internação por febre amarela em Porto Firme. A cidade já tem seis pacientes infectados, além de duas mortes pela doença. Em Presidente Bernardes, na região de Ubá, outro paciente internado foi diagnosticado com febre amarela, somando três casos e um óbito. Ervália e Rio Pomba tiveram, respectivamente, uma morte e um diagnóstico em paciente vivo, mas não tiveram atualizações nesta semana. Na regional de Leopoldina também não houve alterações, permanecendo com uma morte em morador de Santo Antônio do Aventureiro.
Estado admite doença em 11 pacientes vacinados
No boletim epidemiológico, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) admite que há registros de 11 pacientes no estado com histórico de vacinação em anos anteriores e que, mesmo imunizados, teriam sido diagnosticados com febre amarela, conforme adiantado pela Tribuna em matéria publicada na última edição sobre os casos de uma psicóloga, de Rio Pomba, que teve a doença neste ano. Em coletiva de imprensa realizada nesta terça, o subsecretário de Estado de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, afirmou que os pacientes com histórico de vacinação passaram por exames laboratoriais, descartando a possibilidade de erros vacinais.
“Esses pacientes foram vacinados em momentos distintos, em diferentes municípios e com diferentes lotes e processos de armazenamento, além de terem faixas etárias distintas, o que mostra a grande variabilidade dos casos, descartando a hipótese de erros vacinais. Por isso, a investigação se mantém individualmente, pois pode ter ocorrido uma resposta individual de cada paciente.” Said destacou que, em um universo de 18 milhões de mineiros vacinados, a ocorrência de 11 casos demonstra que a vacina é mais efetiva do que o previsto, já que há uma porcentagem de público em que ela não funciona.
“Pela literatura, a vacina tem uma eficácia de 95% a 98%. Com a cobertura vacinal chegando a quase 90%, a efetividade está superior à previsão, porque esse universo é muito menor do que seria previsto dentro desses 18 milhões, mostrando que é uma vacina segura, que tem uma grande efetividade e é a principal medida de prevenção.” Mesmo com a notificação dos casos, não existe recomendação de dose de reforço. “Mantivemos a mesma recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde de que somente uma dose imuniza durante toda a vida.”
Ainda de acordo com Said, todos os trabalhos desenvolvidos estão sendo intensificados, em parceria com o município, para evitar o surgimento de novos casos. A principal estratégia continua sendo a imunização. “A SES tem delimitado as áreas prioritárias para efetuar trabalho de vacinação casa a casa, assim como ações de mobilização. Além disso, houve publicação de recursos financeiros para essas atividades, além de apoiar toda a organização da rede assistencial para atendimento desses pacientes. Mas a vacina continua sendo a melhor estratégia para o controle da febre amarela.”
Nota atualizada às 11h35 do dia 28 de fevereiro
A Secretaria de Saúde confirmou, na manhã desta quarta-feira (28), a realização, no próximo sábado (3), de um novo Dia D de vacinação contra a febre amarela. Neste dia, 66 unidades de saúde estarão abertas, das 8h às 17h, para imunizar os juiz-foranos que ainda não receberam nenhuma dose da vacina. Durante a semana, todas as unidades básicas de saúde continuam efetuando a vacinação. No PAM-Marechal, é possível se vacinar também das 8h às 17h, sem intervalo para o almoço, no primeiro piso da unidade.
Fiocruz verifica presença de mosquitos em JF
Com o intuito de diagnosticar a presença de mosquitos contaminados em todo o estado, a Fundação Oswaldo Cruz está atuando em parceria com a SES na coleta de mosquitos em diversos municípios com casos de febre amarela em humanos e macacos. Em Juiz de Fora, onde houve coletas no período de 23 a 29 de janeiro, foi verificada a presença de exemplares do mosquito Haemogogus janthinomys com resultados positivos de febre amarela. No total, foram coletados 202 exemplares de mosquitos de diferentes espécies com potencial para a transmissão do vírus amarílico.
Conforme o subsecretário Rodrigo Said, a confirmação demonstra que há alta circulação do vírus na cidade, porque, de acordo com ele, não é comum encontrar mosquitos positivos para os vírus segundo a história da doença, mesmo em situações de surto. “Queremos avaliar quais são os vetores responsáveis pela transmissão da febre amarela. Estamos implantando no estado um trabalho de monitoramento entomológico, que independente da sazonalidade, para fazermos a avaliação da circulação do vírus amarílico em Minas Gerais.”
Apesar de os vetores estarem dentro do perímetro urbano, eles foram encontrados em áreas de mata, o que, conforme Said, demonstra que o vírus em circulação é da febre amarela silvestre. Ainda não há previsão para divulgação de outros resultados. Em todo o estado, o vírus foi encontrado em três espécies de Haemogogus. Também houve coleta em Belmiro Braga, onde foram coletados 261 exemplares de mosquitos. Na região também houve coletas em Presidente Bernardes, Ubá, Tabuleiro, Mercês, Miradouro, Muriaé, Argirita e Laranjal.
Psicóloga vacinada que contraiu febre amarela
Em relação ao caso da psicóloga que teria sido infectada com febre amarela em Brumadinho, a assessoria de comunicação do Instituto Inhotim encaminhou nota à Tribuna, com o seguinte esclarecimento:
O Inhotim comunica que não foi identificado nenhum caso de febre amarela no Instituto e que está tomando todas as medidas preventivas necessárias para combater a doença. Em parceria com a Secretaria de Saúde e Vigilância Sanitária de Brumadinho, o Instituto realizou uma campanha de vacinação e divulgação de informações para funcionários. Além disso, o Instituto tem uma equipe que faz o monitoramento rigoroso diário de animais. Até o momento, não foi identificado nenhum caso de contaminação. Também não foi identificado no Museu nenhum mosquito transmissor pela equipe de zoonose de Brumadinho.
Como medida preventiva, o Instituto está disponibilizando repelentes e exigindo a apresentação do cartão de vacinação dos visitantes, a fim de comprovar que se imunizaram contra a febre amarela há no mínimo dez dias. A medida foi adotada em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, para conscientizar os visitantes sobre a importância de se vacinar contra a doença.