Poder Público promove enfrentamento ao Aedes
Comitês definem diretrizes a serem seguidas em caso de aumento de notificações de arboviroses. Ações são baseadas em dados de vigilância epidemiológica
Desde a última epidemia de dengue em Minas Gerais, ocorrida entre o fim de 2015 e meados de 2016, o Poder Público tem se mobilizado na tentativa de evitar novos surtos. No entanto, a dengue deixou de ser a única preocupação das autoridades. O número de casos de chikungunya aumentou 4.000%, fator que também tem levado a Secretaria de Estado de Saúde (SES) e o Ministério da Saúde a desenvolverem ações de conscientização e orientação sobre a doença. Com o objetivo de evitar óbitos causados por arboviroses, a SES tem atuado com o Plano Estadual de Contingência ativo, além de centralizar ações a serem tomadas pelos municípios e por outras secretarias e órgãos do governo no Comitê Gestor Estadual de Políticas de Enfrentamento à Zika, Chikungunya e Dengue.
Até a última segunda-feira (20), a SES registrou 27.811 casos prováveis de dengue, menor índice até o mês de novembro desde 2012, com 13 óbitos. Outros 729 casos de zika foram registrados, contra mais de 14 mil no mês período do ano passado. Por outro lado, já foram registrados 17.043 casos prováveis de chikungunya desde o início do ano, número mais de 35 vezes maior que o registrado no ano passado. O cenário é de epidemia da arbovirose na região de Governador Valadares e Teófilo Otoni, no Norte do estado, região onde o plano de contingência tem sido essencial neste momento, conforme a coordenadora do Programa Estadual de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti, Márcia Ooteman.
“Criamos uma campanha de mídia voltada para pacientes com chikungunya, pensada para essa região, abordando os aspectos clínicos da doença e a importância de não tomar medicamento sem orientação médica. Também estamos fornecendo medicamentos de forma complementar. Isso tudo está previsto no plano de contingência estadual, além da criação de centros de hidratação quando as unidades básicas de saúde não suportam a demanda”, explica a coordenadora. Os centros de hidratação foram uma das ações de contingência adotadas em Juiz de Fora durante a epidemia de dengue vivenciada no estado.
De acordo com a coordenadora, além do plano de contingência, espécie de manual com protocolos e diretrizes que devem ser adotados em situações de epidemia, o comitê gestor de políticas de enfrentamento às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti atua de maneira a articular, coordenar e avaliar todas as ações para reduzir a incidência das doenças e minimizar os efeitos do Aedes. “O comitê foi instituído com o decreto 45.495 de 17 de novembro de 2010 e reúne diversas secretarias e órgãos do governo. Nos reunimos mensalmente, quando são apresentados indicadores de vigilância epidemiológica e discutimos ações conjuntas para enfrentamento do Aedes.”
Alerta
Atualmente, o comitê está em fase preparatória, por conta da expectativa de início do período chuvoso e do verão. No entanto, a secretaria deu início às atividades do comitê neste ano com atenção à epidemia de chikungunya. “Estamos organizando ações preparatórias para o enfrentamento de uma possível epidemia no ano que vem. Começamos a primeira reunião com alerta, porque o número de casos em setembro e outubro aumentou. Nessa época, é normal cair, por conta do tempo frio e seco, mas temos agora uma situação atípica.”
Márcia afirma que são muitos desafios, mas acredita que é possível diminuir o número de casos. “Hoje temos três arboviroses, sendo que a maioria das pessoas é suscetível à chikungunya. Mas estamos realização reuniões do comitê gestor, com o plano de contingência ativo, campanha de mídia e uma série de outras ações para tentar evitar uma ocorrência de epidemia em todo o estado, inclusive prevendo ações de assistência, como abertura de unidades de hidratação, extensão de horários de atendimento das unidades de saúde, entre outros.”
Reestruturação
O programa de combate à dengue da Secretaria de Saúde de Juiz de Fora passou por uma reestruturação desde o ano passado. Atualmente, a grosso modo, as ações de combate ao mosquito são centralizadas pela Sala de Operações, enquanto a ações de assistência à saúde, relacionadas ao tratamento das doenças transmitidas pelo Aedes, são definidas pelo núcleo técnico de combate. A mobilização social completa as frentes de ação da secretaria, atuando em escolas, no comércio e nos bairros.
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, uma das principais estratégias do município para evitar a ocorrência de uma nova epidemia de qualquer arbovirose é a instalação do plantão epidemiológico 24 horas, que permite que os hospitais notifiquem a secretaria a qualquer horário e dia da semana sobre os casos das doenças. Outras estratégias são a classificação de unidades, como a Regional Leste e a UPA Norte, como sentinelas no monitoramento da situação epidemiológica e a realização de bloqueios com fumacê nas regiões onde novos casos são constatados.
O subsecretário destaca também a capacitação de todas as unidades de saúde do município para identificar e oferecer tratamento inicial para pacientes com uma das doenças transmitidas pelo Aedes, além da tecnologia Aedes do Bem e do trabalho dos agentes de endemias e seus supervisores, que têm acesso às unidades de saúde e conseguem notificar a pasta mais rapidamente quando há casos de arboviroses, agilizando as ações de combate.
“O momento do Aedes do Bem agora é de engajamento público, e deverá haver, em breve, a soltura dos mosquitos geneticamente modificados. A Prefeitura pretende ampliar o projeto para mais bairros em 2018. Além disso temos um plano de contingência, que pode ser acionado quando necessário. Se viermos a atingir muitas notificações, o plano será ativado e podemos definir a necessidade de ampliação de salas de hidratação nos hospitais de Juiz de Fora, com atendimento regionalizado”, pontua Rodrigo.