Do campo até a cidade, o sobe e desce do leite no Brasil

Por Tribuna

Por Daniel Corbelli, Sávio Sene e Weslem Faria

Sempre presentes na cesta básica do brasileiro, leite e seus derivados possuem papel de destaque na economia, sendo esta a cadeia produtiva que mais gera emprego no país, além de proporcionar posição de destaque ao Brasil como o quarto maior produtor do mundo, de acordo com dados do Faostat. Pode ser surpreendente, mas apesar desta grande produção, o país ainda não se tornou autossuficiente, necessitando importar produtos lácteos de outros mercados produtores com frequência, o que torna o setor inconstante e vulnerável.

Para o consumidor que adquire regularmente esses produtos, ficam nítidas as constantes oscilações de preços, como aconteceu ao longo do primeiro semestre de 2016, quando o preço do leite longa vida (leite UHT ou de caixinha) chegou a ser cotado no atacado por R$ 3,53/litro, a maior média nacional do preço desde 2010, segundo o levantamento do Cepea. Este aumento de preços ocorreu devido à queda da produção nas fazendas, que, na época, enfrentaram preços elevados de grãos importantes para a alimentação do rebanho, como milho e soja. Os altos preços dos grãos foram causados, principalmente, por razões climáticas e elevação do dólar, que incentivou a exportação e reduziu a disponibilidade interna. Com isso, os custos de produção cresceram muito e os produtores reduziram a produção.

No decorrer dos meses, houve inversão deste quadro; o segundo semestre de 2016 apresentou recuperação da produção e acentuada queda do preço do leite e de seus derivados. No primeiro trimestre de 2017, houve um pequeno aumento e, hoje, percebe-se certa estabilização do mercado. Houve aumento da produção interna, causada, principalmente, pelo maior preço pago ao produtor nos primeiros meses do ano e à queda dos custos de produção.

Por outro lado, o consumo interno continua estagnado, embora as mudanças no quadro econômico sugiram aumento do consumo no segundo semestre do ano. A fim de promover verdadeiras melhorias no setor no Brasil, mudanças estruturais do sistema de produção brasileiro devem acontecer para aumentar a produtividade. A implementação de políticas e estratégias que visem levar eficiência e sustentabilidade aos pequenos produtores, que utilizam de mão de obra familiar, geraria efeitos benéficos no emprego no campo e na cadeia do produto. Segundo o IBGE, tais produtores ainda são responsáveis por 58% da produção de leite do país e merecem atenção por parte dos órgãos de fomento.

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