Quem precisa de economistas?

Por Tribuna

Por Fernanda Finotti Cordeiro Perobelli, Bruno Perry, Cristhian Campos, Joyce Guimarães, Kamilla Menezes, Juliana Laurindo e Vinícius Versiani _ email para [email protected]

Para os mais supersticiosos, a data não é auspiciosa: 13 de agosto é o dia do Economista. Incumbida de estudar as relações de produção, acumulação e distribuição de riquezas em uma sociedade, a Economia é uma ciência ainda pouco compreendida por muitos. A Ciência Econômica, entretanto, adquire destaque em um cenário de escassez como o que o Brasil vivencia atualmente. A piora na produção de riquezas por aqui foi de 3,6% em 2016. Sem investimento em capital físico, a indústria brasileira não cresce desde 2010 e a produtividade de um trabalhador corresponde, em média, a 20% da produtividade do americano, segundo dados do Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento da FGV. Essa baixa produtividade está fortemente associada à falta também de investimento em capital humano (educação, treinamento, experiência). De forma agregada, o investimento recuou para 16,4% do PIB e a taxa de poupança chegou a 13,9% em 2016, os piores níveis dos 2 indicadores em 6 anos.

Com isso, o Brasil apresenta hoje o menor PIB entre 38 países pesquisados pela agência Austin Rating, e a renda per capita do brasileiro sofre a maior queda desde os anos 80, a chamada ‘década perdida’. Se não produzimos e acumulamos bem, distribuímos de forma ainda pior. Antes de o Brasil entrar em recessão, segundo a Receita Federal, houve um ligeiro aumento da concentração de renda e riqueza no topo da pirâmide social brasileira. O número de contribuintes com renda mensal superior a 160 salários mínimos subiu de 71.440 em 2013 para 74.611 em 2014.  Esta elite de 74.611 brasileiros corresponde a menos de 0,3% dos mais de 27,5 milhões de declarantes do IR 2014 e concentrou, em 2014, 15% da renda total e 22,7% da riqueza em bens e direitos declaradas à Receita, totalizando rendimentos de R$ 360,9 bilhões e patrimônio de R$ 1,47 trilhão. Os dados da Receita revelam também que quem está nas camadas mais altas de renda paga menos impostos, proporcionalmente: na faixa dos que recebem de 3 a 5 salários, por exemplo, cerca de 90% da renda foi alvo de pagamento de imposto em 2014, enquanto que, no topo da pirâmide, o percentual de rendimentos tributado ficou ao redor de 30%.

Com tantos problemas para serem equacionados, a Economia acaba atraindo a atenção dos jovens pelo vasto campo de atuação no mercado de trabalho. Compreender as características da sociedade em que vivemos, os padrões de comportamento, questões políticas e sociais, são fundamentais para o entendimento dos fenômenos econômicos. Por isso, o jovem que deseja cursar a faculdade de Ciências Econômicas irá receber uma sólida formação teórica sobre o modus operandi das relações econômicas, com disciplinas que vão desde sociologia e história econômica até uma sofisticada matemática, principal insumo dos modelos econômicos.

A profissão é regulamentada pela Lei nº 1.411, de 13 de agosto de 1951, e o órgão responsável pela fiscalização dos profissionais é o COFECON (Conselho Federal de Economia).A área de atuação mais conhecida do economista é o mercado financeiro, que engloba os bancos comerciais, bancos de investimento, assets (empresas de gestão de recursos de terceiros) e private equity (investimento em empresas fechadas). Outras vertentes de atuação são cargos em órgãos públicos, nos quais o profissional desenvolve desde análises conjunturais até estudos de viabilidade em projetos de infraestrutura. Há economistas também na Academia, pesquisadores e professores universitários de graduação e pós-graduação, envolvidos não apenas com o ensino, mas principalmente com a pesquisa e inovação.

Os economistas não possuem um piso salarial no Brasil. Entretanto, assim como na teoria econômica, quando a demanda é maior que a oferta, o preço tende a subir. Como a procura por um bem preparado profissional de economia vem aumentando ultimamente, os salários da profissão também se valorizaram. Segundo dados divulgados mensalmente pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), a média salarial de um economista nas capitais brasileiras em junho de 2017 foi de R$ 8.448 (para fins de comparação, um clínico geral recebeu em média R$ 6.351 segundo a mesma fonte). Já no meio acadêmico, a remuneração depende da especialização e da integração do profissional com os projetos e pesquisa e inovação, podendo chegar a R$ 13.626 para professores federais em meio de carreira.

Celebrando a profissão de Economista, a Faculdade de Economia realizará, entre os dias 14 e 18 de agosto, a Semana da Economia. O tema não poderia ser outro: Novas Rotas para o Desenvolvimento no Brasil. Mais informações podem ser encontradas no Facebook e no site da CMC. Nossos parabéns a todos os Economistas, “depositários não da civilização, mas das possibilidades de civilização” (Keynes, 1945).

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