O aprendiz
Em entrevista ao jornal “Estado de S. Paulo”, o apresentador de TV Roberto Justus se diz quase convencido a ser candidato à Presidência da República em 2018. Tentará replicar a experiência do empresário e também apresentador de TV Donald Trump, idealizador do programa “O aprendiz”, que ele apresenta na versão tupiniquim, e de seu colega no mesmo programa, João Dória, eleito prefeito de São Paulo no primeiro turno com um discurso apolítico.
Justus vai pelo mesmo caminho. Disse que a instância política é incapaz de enfrentar os muitos e graves desafios do país, estando, pois, inabilitada para exercer o poder. Ele já analisa propostas de partidos para levar adiante o que, até então, é apenas um projeto.
Ser candidato é um direito de qualquer cidadão, desde que esteja em dia com suas obrigações eleitorais, mas não deixa de ser preocupante o recorrente discurso de desconstrução da política, que não está apenas nas ruas mas também em fóruns qualificados de discussão. A mudança no comando dos Estados Unidos será emblemática, pois Trump tornou-se referência para esses novos atores.
O discurso, embora preocupante, se justifica na postura dos próprios políticos. As denúncias da Odebrecht, que chegam ao público em conta-gotas, apontam para uma farra geral, na qual o viés ideológico é o que menos pesou. Da direita à esquerda, passando pelo centro, principalmente, são poucos os que sobram, numa clara evidência do jogo de interesse que permeia as legendas.
O argumento de Justus se baseia nisso e tem lá o seu grau de sedução, pois há um evidente desconforto da opinião pública com as mazelas que chegam ao seu conhecimento. O problema está em encontrar uma saída que não leve o país para trás.