Maria coragem
A mulher vagava pelas ruas, mergulhada no pior dos sentimentos: o abandono. Andando de um lado para o outro, experimentava toda forma de sobrevivência, até o dia em que ouviu Jesus em suas pregações. Silenciosa e, como de sempre, só, passou a acompanhá-lo a distância. Como acontecia com quase todos os que ouviam as palavras do Cristo, ela também se modificou. Ninguém viu, poucos perceberam. Tomada de toda coragem para enfrentar os mais tenebrosos inimigos interiores, Maria de Magdala repensou toda a sua vida e se modificou com o único objetivo de seguir o Cristo com todo destemor.
Um dia em casa de Simão Pedro, Jesus conversava com os demais, e Maria caminhou na direção de Jesus. Mergulhada em pranto silencioso, aproximou-se, ajoelhando aos pés do mestre, com suas lágrimas os umedeceu e com seus longos cabelos os enxugou. De pé, perfumou a cabeça de Jesus com nardo, essência proveniente dos Himalaias, mais cara que ouro e rara como diamante.
Judas Iscariótes, com apoio de outros mais afeitos às materialidades, avançou sob protestos e exclamou: É incrível o que fez esta mulher. E tu, mestre, o consentes! Seria melhor que revertesse este perfume para os pobres. Esse perfume custou no mínimo 300 dinheiros e daria para alimentar muitas famílias. No que Jesus respondeu: Por que afligis esta mulher? Ela praticou uma boa ação para comigo. Os pobres sempre os terão convosco, porém, a mim nem sempre o tereis. Derramando o perfume sobre o meu corpo, fê-lo preparando para a minha sepultura. E em verdade vos digo: onde o evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez para memória sua.
Maria de Magdala, também conhecida por Maria Madalena, erroneamente chamada de a arrependida, fez-se a mais vigorosa defensora de Jesus. Esteve ao seu lado em todos os momentos, independentemente das circunstâncias. Acompanhou de perto seu julgamento e seus sofrimentos. Enquanto todos fugiam atônitos, Madalena permaneceu corajosamente aos pés do Cristo no ato da crucificação. Após o seu desencarne, ficou observando onde José de Arimateia o sepultaria.
No terceiro dia após o desenlace de Jesus, lá estava ela no sepulcro vendo a pedra removida. Correu em redor na busca do corpo. De tamanho abandono sentido, não percebeu as vestes fulgurantes que dela se aproximaram. Chorava qual na casa de Simão Pedro e não olhou para trás. E uma voz exclamou: Por que choras? Quem procuras?. Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram, respondeu. O homem, imprimindo à voz uma expressão inconfundível, exclamou: Maria!. Recuando em reconhecimento daquela voz, ela caminhou para ele dizendo rabboni, ou seja, querido mestre. Jesus homenageou a antiga cortesã por todo o seu esforço para a melhoria íntima.
A história de Maria Madalena é a história de nossa própria reabilitação. É o mergulho interior para afogar o homem velho, cheio de faltas e vícios, permitindo nascer o homem novo, alegre e feliz na harmonia com a vida na mensagem do Cristo.