O que há de errado com o trânsito?


Por José Luiz Britto Bastos, especialista em Transportes e Trânsito

30/01/2019 às 07h02- Atualizada 04/02/2019 às 20h51

Com exceção da comodidade, da falta de educação e de respeito por parte dos condutores de veículos automotores e não motorizados às normas de trânsito, o que há de errado com o trânsito de Juiz de Fora? Diríamos que nada há de errado com o trânsito da cidade. Na verdade, enquanto as pessoas não se dispuserem a caminhar 200 ou 300 metros sem usar o automóvel, o trânsito será sempre um caos. Na verdade, as cidades não têm capacidade para ofertar mais espaço público para a acomodação de automóveis, motocicletas, etc.

Em Juiz de Fora, por mais que as autoridades municipais se empenhem, não conseguirão, de maneira alguma, acomodar nas ruas da cidade uma frota de 266 mil veículos. Quanto mais ruas e avenidas houver, maior será o volume de veículos em circulação. O que as pessoas querem é cada vez mais espaço viário, mas isso, em hipótese alguma, será possível. Não há alternativa, a mobilidade urbana somente poderá melhorar se reduzirmos a dependência do automóvel.

No Brasil, o carro ainda é sinônimo de status. Somos uma sociedade vaidosa, vivemos de aparências. Todos querem ter carro e, obviamente, usá-lo. Na Europa, ao contrário, chique é não ter automóvel, é usar o transporte público, caminhar ou andar de bicicleta. Diferentemente daqui, na Europa, a população tem à disposição os melhores e mais modernos veículos para locação imediata via celular. Os automóveis ficam disponíveis em qualquer parte da cidade e com as chaves no porta-luvas. Depois de usá-los é só estacioná-los onde for mais conveniente, informando à central de controle onde o veículo se encontra.

Locações evitam despesas com garagens, impostos, taxas, manutenção, etc. Os veículos possuem seguro, e o locatário só paga pelo tempo de uso, obrigando-se, apenas, a devolver o carro abastecido com o combustível que gastou.

Os tempos mudaram, assim como os conceitos. Na atualidade, por incrível que pareça, a juventude não está mais interessada em automóveis. Na concepção dos jovens, isso não é mais relevante, suas prioridades agora são outras. Com tanta oferta de transporte individual barato e por aplicativos, ter automóvel tornou-se dispensável. Não ter que dirigir é mais cômodo, mais econômico e muito mais seguro, além de possibilitar aproveitar os melhores momentos que a vida nos oferece, com tranquilidade e a certeza de poder ir e voltar para casa sem riscos!

Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 35 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.