E se?
“O que proponho nessa pequena reflexão não é atacar uma ou outra instituição ou pessoa, mas refletir sobre esses ‘e se?’ da inclusão”
Na reta final de um ano e no início do outro, busco sempre realizar uma retrospectiva e um planejamento. Pondero aquilo que foi positivo, o que pode ser “deixado de lado” e aquilo que precisa de algum ajuste. Mas, uma certeza eu tenho: termino 2024 um tanto frustrado, decepcionado e desiludido com aquilo que chamamos de “inclusão”. Talvez esse seja o último texto que escrevo sobre inclusão escolar. Em dezembro, ouvi de algumas pessoas que os escritos da área da educação que tratam sobre a temática da inclusão educacional são textos de lamentação, ficam só em torno do “e se fosse assim”, “e se fizesse assim”. São textos que trabalham sempre na perspectiva da falta, do que não tem, do que poderia vir a ser. E o “pior” é que tenho que concordar. O que proponho nessa pequena reflexão não é atacar uma ou outra instituição ou pessoa, mas refletir sobre esses “e se?” da inclusão. Ao generalizar as questões aqui apresentadas, penso como uma forma de facilitar a escrita e o entendimento do texto; agora, se a carapuça servir … reflita sua práxis. Vamos lá?
- E se a formação docente fosse adequada para atuar com/na diversidade que colore nossas escolas?
- E se as condições de trabalho fossem mais humanas?
- E se os professores gastassem suas verbas adicionais com formação e aquisição de recursos pedagógicos?
- E se as políticas e ações de inclusão passassem da página dois?
- E se os profissionais que atuam na gestão da inclusão fossem realmente da área e não chegassem lá por que “caíram de paraquedas”?
- E se os gestores conhecessem, de verdade, o trabalho dos intérpretes de Libras?
- E se os intérpretes educacionais de Libras soubessem, realmente, qual é a sua função?
- E se professores e técnicos educacionais trabalhassem em parceria?
- E se os professores fossem atuar no atendimento educacional especializado por formação e não por conchavo político ou porque são efetivos e estão cansados da sala de aula?
- E se a “boa vontade” fosse trocada pelo profissionalismo?
- E se o capacitismo fosse trocado pela competência?
- E se a instituição escola e os docentes não estivessem doentes?
- E se … é um mundo imaginário, não é mesmo? Utópico, diriam os mais filosóficos. E se cada um de nós – professores, gestores, comunidade escolar e instituições – fizesse a sua parte, tivesse consciência do que o “outro” precisa, teria uma educação inclusiva com menos incertezas, dúvidas e lamentações. Um 2025 mais assertivo.
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