Somos vistos assim?
As cidades e os bairros são as células vivas da nação, e as suas indústrias, seus estabelecimentos, cinemas, teatros, casarões e museus estão lá para que mostremos o que fomos, o que somos e o que seremos. As melhores tendências arquitetônicas ambientais e que deem conforto ao ser humano, seja ao cidadão ou ao turista, são sempre colocadas como fatores preponderantes para que sejamos visitados, fazendo de nossa cidade o local de moradia ideal e de investimentos vindos de outros bolsos.
Da literatura, da música, da poesia e do cinema bebemos tudo e já estamos cansados de saber, depois de termos visto, lido e assistido a um mundo de experiências. Temos absolutamente a consciência e só podemos fazer de um jeito e sem teimosia. Do modo científico e correto! Hitler não teria invadido a Rússia no inverno se tivesse lido Napoleão.
Sem arte e sem preservação do que somos, jamais poderemos ter identidade no mundo. Ao mostrar uma imagem da Cidade das Luzes, logo um chinês diria, rapidamente: Torre Eiffel! E sobre os nossos ícones, o que diriam? Diriam onde ficam? Quando os valores só circulam num grupo superfechado, e a especulação imobiliária é o único mote de um lugar, devemos nos lembrar que isto é a herança que nós mesmos deixaremos para os nossos netos e bisnetos. Vamos morar em sítios no futuro?
Enquanto não planejarmos para 15 anos e com ciência, multidisciplinaridade entre urbanistas, arquitetos, engenheiros, matemáticos, economistas, historiadores, memorialistas e museólogos, dentre outros, não teremos a tão almejada paz social urbana. Se não houver um deslocamento do eixo central para uma cidade administrativa, faremos viadutos passarem por cima de árvores, arquibancadas, shoppings, esconderemos o sinal de GPS e ficaremos fora do mundo, sem metrô de superfície e com mergulhões que nos esconderão da vergonha de não termos mais o que ser visto.