Lei também é para conscientizar
Tudo passa pela educação e conscientização. E, neste momento, ser educado para pensar no coletivo e no futuro é fator básico. Falo como juiz-forano e brasileiro no que se refere a questões ambientais. As previsões pessimistas feitas há algumas décadas por especialistas estão se concretizando e nos chegam agora com notícias vindas de várias partes do país a respeito da escassez de água. Mais que isso, estamos enfrentando a pior crise hídrica de nossa história.
Como cidadão, posso fazer a minha parte, reduzindo os gastos domésticos. Mas como representante do povo, no Legislativo, porém, quero convocar os cidadãos juiz-foranos para que trabalhem pela conscientização, mudem seus hábitos, a começar pelo que propõe a nossa lei, já aprovada e ainda não sancionada, mas já compreendida por uma grande maioria que evita lavar calçadas e fachadas com mangueiras em períodos de escassez, como o que estamos vivendo. Inovar nos padrões de consumo é muito importante neste momento para que se possa preservar este bem. E nossa lei tem um caráter pedagógico, atuando no combate ao desperdício, hoje em torno dos 34% em nossa cidade.
Segundo o Instituto Akatu, hoje já consumimos e descartamos 50% mais recursos naturais renováveis do que o planeta é capaz de regenerar e absorver, inclusive a água. Diante deste quadro, por que não reunir os condôminos de edifícios para criar hábitos coletivos e mais sustentáveis nos prédios para que se economize água? Buscar as contas de água dos últimos meses para verificar a média gasta é o primeiro passo e, a partir daí, traçar metas e agir. Verificar vazamentos e torneiras pingando e até mesmo analisar a possibilidade de instalação dos hidrômetros individuais, que estimulam um menor gasto pelas famílias. E, nas escolas, como inserir o consumo consciente no planejamento escolar?
A responsabilidade também deve ser assumida pelas indústrias e pela agricultura, que precisam remodelar suas atividades no sentido de buscar a economia do bem mais precioso para a vida. Assim também deve ser feito pelos representantes do Poder Público em geral, que precisam criar campanhas, inovações tecnológicas e políticas públicas urgentes nesta área, além de rever os serviços de saneamento, que precisam ter controles mais rigorosos de perdas. Elas podem ser ferramentas efetivas para a transformação da sociedade em mais sustentável. Sabemos que, em Juiz de Fora, o investimento neste setor vem sendo feito, e, ao contrário de muitos municípios brasileiros, temos Chapéu D’uvas, manancial que já faz parte do nosso presente.
No entanto, não podemos abusar deste “conforto”, já que estamos vendo a Represa João Penido minguar, com o risco até mesmo de secar ainda este ano, conforme mostrado pela imprensa. A ocupação do entorno, a escassez de vegetação, o uso inadequado da represa por anos a fio são algumas questões a serem debatidas. Será que cuidamos deste manancial que por tanto tempo abasteceu pelo menos a metade da população de Juiz de Fora? E agora, que futuro queremos para Chapéu D’Uvas e para as novas gerações?