Os políticos se desmoralizam


Por PAULO CESAR DE OLIVEIRA, JORNALISTA E DIRETOR-GERAL DAS REVISTAS VIVER BRASIL E ROBB REPORT

27/10/2015 às 07h00

A sabedoria popular é uma boa fonte para explicar determinados fatos. A respeito da vida política brasileira, me ocorreu uma máxima popular que deixa bem claro o que tem acontecido: “na vida, ninguém desmoraliza ninguém. As pessoas, por seus atos e opiniões, é que se desmoralizam”. É exatamente isso o que tem ocorrido com os nossos políticos. Eles estão cuidando de destruir a própria imagem e arrastando junto as instituições.

Exemplo? Tem aos montes, o mais recente deles, o relatório da CPI da Petrobras, cuidadosamente elaborado pelo petista Luiz Sérgio, que conseguiu deixar de fora todos os políticos de todos os partidos – para despistar, citou Cândido Vaccarezza- e ainda criticou o Ministério Público e o Judiciário pela condução da operação “Lava jato”. Sujou sua biografia e esculhambou com as já combalidas Comissões Parlamentares de Inquérito.

Mais um exemplo? O ex-presidente Lula e seu discurso de que nada há de errado no país, que tudo está em ordem, a não ser, claro, o espírito golpista das oposições, que não descem do palanque do terceiro turno e querem derrubar a presidente Dilma. Aliás, a própria presidente Dilma pode ser apontada como exemplo, por assumir e insistir no discurso de seu criador, de que é apenas vítima de oposicionistas despeitados, que seu Governo é um modelo de honestidade e retidão ética.

Para não ficarmos só no campo da situação, os oposicionistas também se desmoralizam, incluindo-se aí o mineiro Aécio Neves, nesta história de blindar o deputado Eduardo Cunha, cada dia mais “enrolado” nas apurações de corrupção, como forma de atiçá-lo contra a presidente, ameaçando abrir o processo de impeachment. Usa a velha máxima do “seu inimigo é meu amigo”, independe de seu caráter.

Ah! Ia deixando fora da lista de maus exemplos o senador Renan Calheiros, que não se constrange em prestar serviços aos que comandam o caixa e os cargos, adotando medidas nitidamente protelatórias no julgamento das contas presidenciais. Por fim, tem aí o Judiciário, comprovando o ditado de que “a Justiça é como vara de pescar, vergando-se de acordo com o tamanho do peixe”. E ainda querem o respeito do povo.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.