Dever do Estado, mas responsabilidade de todos
Não é de hoje que problemas com violência e o crime fazem parte do dia a dia da sociedade. Nos nossos livros de história, temos muitos exemplos de guerras militares, civis, atentados e situações que chocaram o mundo.
No entanto, nos dias atuais, a violência e o crime tomaram outras proporções. Não há mais nenhum respeito às autoridades, à família, à vida. Jovens estão sendo atraídos e recrutados em massa, incentivados pelo dinheiro fácil ou pelo modismo, numa influência clara, apológica, que muitas músicas e muitos filmes retratam como comuns. A violência, a intolerância, os abusos, os maus-tratos, a indiferença, a discriminação, o preconceito, os roubos, os assassinatos… Tudo é tratado como espetáculo em vários programas de TV. Matam por tudo e por nada. Virou entretenimento. O show de horrores patrocinado pela mídia sensacionalista que corrobora para o medo e para o isolamento.
Sou da época em que conhecia todos os meus vizinhos. Frequentavam minha casa, e eu, as deles. Brincava na rua. Os passeios à noite com minha família, numa pracinha ou no Calçadão da Halfeld, eram sinônimo de tranquilidade, de lazer, de bem-estar. Hoje, muros com arame farpado, condomínios fechados, ruas desertas, crianças dentro de casa. A violência chegou às escolas. As drogas batem à nossa porta. Os traficantes trocam tiros à luz do dia. Comércios fecham, imóveis se desvalorizam. Conversar pelo WhatsApp e fazer amigos pelo Facebook parecem mais seguros. Mas, afinal, o que mudou? Será que fomos abandonados à nossa própria sorte?
A resposta é não. Nunca na história deste país os agentes de segurança pública trabalharam tanto. É claro que falta muito a se fazer. Estamos longe do ideal, mas depositar toda responsabilidade nas autoridades públicas não faz parte da solução. Não podemos simplesmente nos tornar reféns do medo ou espectadores do Estado. Temos, sim, que assumir nossos papéis de cidadãos e efetivamente nos tornar parte da solução. Quando a comunidade se reúne em prol de objetivos comuns, ela se torna mais forte. Adquire voz. Reage aos problemas. Traz soluções. Aproxima-se do Poder Público, faz valer suas reivindicações, e os resultados aparecem. Cooperar e trabalhar junto com as forças policiais é fundamental para prevenção criminal na comunidade.
Procure a associação do seu bairro. Vá às reuniões. Faça parte. Dê ideias e sugestões. Denuncie. Chega de fazer vistas grossas e achar que é normal. Vamos lutar pelas pessoas de bem. Pela segurança de nossas famílias e pela qualidade de vida. Não é hora de nos isolar, mas de nos unir. Comunidade e Poder Público juntos contra a violência. Unidos somos fortes. Unidos podemos mais.