A 3ª via da Getúlio Vargas
As manifestações populares de junho em nossa cidade também levantaram a bandeira da mobilidade urbana e apontaram a ineficiência do Poder Público para atender ao interesse geral da sociedade. Nos horários de pico, faltam veículos e, quando aparecem, circulam entupidos. No triângulo que se forma entre as avenidas Rio Branco, Independência (Presidente Itamar Franco) e Getúlio Vargas, circulam cerca de 580 ônibus, ou seja, todos os trajetos de bairros passam pelo Centro, gerando uma significativa emissão de CO2. Considerável parcela da sociedade gasta horas no deslocamento diário do trabalho para casa. Esse tempo perdido no trânsito reduz o tempo livre das pessoas para desfrutar das horas de folga do trabalho, e somam-se ainda a essas condições a má qualidade do ar e o risco potencial de exposição a acidentes, o que dá causa ao stress urbano, contribuindo de uma forma geral para reduzir a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas.
Portanto, a melhoria da mobilidade urbana não se resolve apenas com soluções pontuais de aumento da faixa exclusiva de ônibus e a solução de escoamento do trânsito proposta através dos estabelecimentos da inadequada e desatualizada BR-440. É preciso considerar a questão com soluções de ordem urbanística e ambiental, entre elas: a legitimação do conselho de transporte com caráter deliberativo por meio da participação do usuário contribuinte, o estudo de implantação do BRT (bus rapid transit), com uso de ônibus troncalizado e de instalações de terminais estratégicos na Avenida Rio Branco, o incentivo fiscal ao comércio dos bairros periféricos à citada avenida como forma de criar oportunidades de emprego, o estudo de implantação e execução do BRS (bus rapid service), com uso de tecnologias e sistema de controle GPS.
Enfim, a melhoria do transporte público deve passar pela organização de uma conferência da cidade, capaz de ouvir todos os segmentos da sociedade civil para reunir ideias concretas para execução de políticas públicas mais eficientes para o setor. A criação da terceira via da Avenida Getúlio Vargas e a falta de projetos eficientes de anel rodoviário viário para a cidade demonstram a prática costumeira dos políticos na maioria das cidades brasileiras para resolver as demandas de interesse geral: baixa capacidade de administração e falta de planejamento.