O Papa Francisco e as mulheres
Se as palavras têm força, os gestos, quando realizados sem artifícios e em harmonia com o modo autêntico de ser de quem os concretiza, podem modificar corações, pensamentos e a maneira de viver de muitas pessoas. O Papa Francisco tem este carisma. Surpreende e convence com seus gestos despretensiosos pela sintonia que estes têm com o núcleo essencial do Evangelho de Jesus e desconcerta a muitos com suas palavras sinceras e corajosas a respeito de assuntos antes considerados quase intocáveis.
O tema da situação das mulheres na Igreja é um deles. Primeiramente, ele mostra, como Jesus, não temer as mulheres. Conversa com elas, abraça-as, beija-as, escuta suas dores, consola seus corações feridos. Depois diz, sem meias palavras, o que pensa sobre elas. Algumas de suas frases têm ressoado fortemente no coração de muitas, restituindo-lhes a esperança e a alegria de ser mulheres, no contexto ainda machista da Igreja Católica. Ouçamo-lo: Devemos trabalhar para elaborar uma teologia profunda da mulher.
Nos lugares onde decisões importantes são tomadas, é necessário o gênio feminino. A Igreja não pode ser ela mesma sem a mulher e o papel que ela desempenha. A mulher é imprescindível para a Igreja. Maria, uma mulher, é mais importante que os bispos. Digo isso porque não se deve confundir a função com a dignidade. Estas palavras ganham redobrada importância pelo fato de serem ditas por quem está, no momento, na função de pastorear a Igreja.
As mulheres, durante muito tempo consideradas como as incômodas filhas de Eva, ganham força para se desembaraçarem deste papel que lhes foi atribuído e aceito. O desejo do protagonismo real, como laicas ou consagradas, é legítimo em uma religião que afirma com Paulo: Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus (Gl 3, 27-28). Se as mulheres conseguirem superar os condicionamentos impostos por milênios de opressão, sem a perigosa introjeção do opressor, o que não é fácil, mas possível, poderão contribuir enormemente para uma Igreja mais humanizada, mais feliz e mais fiel às suas origens.