Primavera mais florida


Por CARLOS MAGNO A. DE ARAUJO Geógrafo

26/09/2013 às 07h00

No último sábado, 21, a Tribuna, em alusão ao Dia Mundial da Árvore, contou a história de três árvores que resistem à dinâmica permanente de produção do espaço geográfico em Juiz de Fora, cidade que carece muito de árvores. Refletindo sobre a matéria, decidi tentar contribuir para o debate sobre a relevância das árvores no meio urbano. A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU) recomenda 15m² de área verde por pessoa, valor muito além daquele encontrado em Juiz de Fora.

A cobertura vegetal exerce uma série de funções importantes no meio urbano, dentre as quais a vegetação, que facilita a infiltração das águas pluviais (chuva), evitando o transbordamento dos canais fluviais (córregos e rios) e as enchentes, que promovem sombreamento, reduzindo os efeitos das ilhas de calor, que se caracterizam pela elevação das médias térmicas na cidade em relação ao entorno. Assim, a cobertura vegetal produz as chamadas ilhas de frescor. Também fornece abrigo e alimento para a fauna, sobretudo insetos, pássaros e morcegos, importantes como polinizadores e dispersores de sementes.

A vegetação, seja ela herbácea, arbustiva ou arbórea, também exerce função estético-psicológica nas pessoas, tornando o ambiente mais agradável. Estudos sugerem que a presença de vegetação é importante na recuperação de pessoas doentes. A cobertura vegetal reduz a poluição e os ruídos nas cidades, nas quais parece termos perdido o direito ao silêncio. Nas encostas, a cobertura vegetal fixa os sedimentos, evitando os escorregamentos, tão comuns no verão na região Sudeste, nas áreas montanhosas desprovidas de vegetação e ocupadas por assentamentos humanos.

Apesar das rápidas transformações do espaço geográfico de nossa cidade, Juiz de Fora ainda guarda alguns fragmentos florestais, ainda que formações secundárias, ou seja, que se regeneraram parcialmente após o desmatamento inicial. Dentre eles podemos citar a Reserva Biológica Municipal do Poço D’anta, a Área de Preservação Ambiental Estadual da Mata do Krambeck, a Reserva Biológica Municipal da Fazenda Santa Cândida, o Morro do Imperador, a mata do Museu Mariano Procópio e o Parque Halfeld, os três últimos tombados como patrimônio municipal. Enfim, embora contemos com esses remanescentes naturais, a cidade certamente precisa de mais árvores.

Que nesse início de primavera possamos refletir acerca da necessidade premente de vivermos em um ambiente saudável, que no meio urbano não se materializa sem a presença de árvores. Assim, esperamos que nos próximos anos as primaveras sejam mais alegres e floridas em nossa cidade.

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