O papado


Por LUÍS EUGÊNIO SANÁBIO E SOUZA - ESCRITOR

26/03/2015 às 06h00- Atualizada 02/03/2018 às 13h35

De acordo com a Bíblia, a história do papado começa quando Jesus Cristo disse ao apóstolo Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja…” (Mateus 16, 18). O nome deste apóstolo era Simão, sendo que Pedro é a tradução grega do apelido que Cristo lhe deu (“rocha”, em grego “petros”). Assim, ao chamar este apóstolo de Pedro, Cristo quis dizer que ele seria firme como uma rocha para sustentar a Igreja, e isso apesar de sua fragilidade humana. Herdeiro da missão de Pedro de “apascentar as ovelhas” (João 21,17), o Papa, sucessor de São Pedro, “é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis” (Concílio Vaticano II: LG n° 23). Portanto, o sucessor de Pedro é esta rocha que, contra a arbitrariedade e o conformismo, garante uma rigorosa fidelidade à palavra de Deus. O Papa é bispo de Roma, porque foi em Roma que Pedro concluiu sua missão, sendo ali martirizado segundo a mais antiga tradição literária e arqueológica. O túmulo do apóstolo Pedro encontra-se no subsolo da Basílica Vaticana, a famosa Basílica de São Pedro.

“Compete ao sucessor de Pedro recordar as exigências do bem comum da Igreja, se alguém for tentado a esquecê-lo em função dos próprios interesses. Tem o dever de advertir, premunir e, às vezes, declarar inconciliável com a unidade da fé esta ou aquela opinião que se difunde. Quando as circunstâncias o exigirem, fala em nome de todos os pastores em comunhão com ele” (Papa João Paulo II). Segundo a fé católica, o sucessor de Pedro goza de uma especial assistência divina para cumprir sua missão. É à luz desta assistência divina que se deve compreender o dogma da infalibilidade papal que foi se desenvolvendo ao longo dos séculos até ser definido solenemente no século XIX. Este dogma não afirma que todas as opiniões particulares do Papa são infalíveis.

O Papa não decide segundo o próprio arbítrio, mas dá voz à vontade de Cristo, que fala ao homem na Escritura vivida e interpretada pela Tradição Apostólica. A infalibilidade papal exerce-se quando o Papa, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis, propõe, por ato definitivo, alguma coisa a crer como sendo revelada por Deus e como ensinamento de Cristo. O Papa também pode simplesmente confirmar infalivelmente verdades da doutrina católica que estão conexas com a revelação divina, quer por razões históricas, quer como consequência lógica. A tais ensinamentos, cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.

A Igreja reconhece que “na história do Papado não faltaram erros humanos e defeitos também graves: o próprio Pedro, com efeito, reconhecia ser pecador (Lucas 5,8). Pedro, homem frágil, foi eleito como rocha, precisamente para que fosse evidente que a vitória é só de Cristo e não resultado das forças humanas. O Senhor quer levar em vasos frágeis (2 Coríntios 4,7) o próprio tesouro através dos tempos: deste modo a fragilidade humana tornou-se sinal da verdade das promessas divinas” (Congregação para a Doutrina da Fé: Considerações sobre o Primado do Sucessor de Pedro n° 15, de 31/10/1998).

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