Ideias e ideais


Por CARLYLE LEITE MOREIRA Historiador, bacharel em Direito e especialista em História das Relações Políticas

26/02/2015 às 06h00

Seja o leitor partidário ou não deste ou daquele partido, cabe lembrar-lhe que o momento o qual estamos vivendo é o da mais pura prática de disputa de poder! Se se “ataca” este ou aquele partido, este ou aquele grupo, com inúmeras denúncias (muitas delas “sem pé nem cabeça”, diga-se de passagem), é pela razão de fazer parte da história política deste país. Pela lógica do senso comum, “quem tem teto de vidro não atira pedra no telhado do vizinho”; aos partidários insatisfeitos, resignados com denúncias e/ou acusações, compete lembrar que sempre haverá oposição.

Cabe lembrar também que uma das grandes crises vividas pelos países latino-americanos ocorreu na última década do século passado e na década inicial do século XXI (o que, historicamente, caracterizo de “treva neoliberal”): “a crise de liderança”. De acordo com o dicionário, liderança é “s.f. Relativo a líder. Comando, direção, hegemonia. Arte de comandar pessoas, atraindo seguidores e influenciando de forma positiva mentalidades e comportamentos”.

Tem-se então que a liderança é de papel fundamental em toda e qualquer mudança, em todo e qualquer processo de transformação.

É claro que conflitos de ideias e ideais ocorrem. Mas, para se opor, há a necessidade de que aqueles que as promovem (ideias e ideais) também sejam líderes, e não manipuladores ou manipulados. Quando isso não ocorre, aqueles que não se encontram enquanto líderes investem na manipulação de ideias ,”socializando” frases de efeito do tipo “governo populista”…

De outra feita, há aqueles que esquecem que o país não se encontra administrando uma situação, uma realidade (seja ela política, econômica ou social), mas, sim, promovendo mudanças! Sim! O sistema que herdamos de séculos passados, politicamente formado por um “sem número” de legisladores sem a menor consideração (e conhecimento) pelo país em que vivem, revelou-se um sistema gerador de diferenças sociais, de miséria sociocultural! Industrialmente, sem a menor possibilidade de oferecer concorrência a produtos importados (seja pelo preço ou pela qualidade). Economicamente favorável a “grupos aristocratas especulativos”.

Cumpre destacar: não está se administrando um sistema, mas mudando um sistema!

Se se quer realmente mudanças estruturais e institucionais, há que se ter em mente que o consenso não é um fim em si! Pelo consenso, pode-se conformar, satisfazer um “sem número” de pessoas, mas não mudaria nada! Isto é fato!

Como brasileiros (e também como seres humanos), temos que ter em mente que há momentos em que o consenso torna-se impossível! Quando assim se revela, existe a alternativa da ação, do enfrentamento! Assim é que, no atual momento do país, a corrupção tem que ser enfrentada, o abuso de poder tem que ser enfrentado, a mentira tem que ser enfrentada, a mídia manipuladora tem que ser enfrentada… Não se pode fazer concessões! Um país não muda pelo simples fato de ter este ou aquele líder. Não! Um país muda pelo povo que nele habita!

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