O Natal e a felicidade


Por Luís Eugênio Sanábio e Souza/Escritor

25/12/2014 às 07h00- Atualizada 02/03/2018 às 13h35

Todas as luzes, todas as músicas, todas as festas e as ornamentações que anunciam o Natal nos falam do alegre e maravilhoso mistério da “Encarnação”, isto é, do fato de Deus ter assumido uma natureza humana. O Natal nos fala do amor de Deus por nós, porque foi por amor que Deus revelou-se e doou-se ao homem. Em Jesus Cristo, Deus traz uma resposta definitiva às questões que o homem se faz acerca do sentido e do objetivo de sua vida. Assim, na manjedoura de Belém, encontramos a fonte da verdadeira felicidade, isto é, Deus.

De fato, a autêntica felicidade só se consegue junto a Deus, pois, “sem o Criador, a criatura se esvai” (Concílio Vaticano II). Neste sentido, o grande mestre do universalismo filosófico e teológico, isto é, Santo Tomás de Aquino, pôde dizer que “só Deus satisfaz”. Num mundo caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, o Natal nos apresenta aquele que é “o caminho, a verdade e a vida” (João 14,6).

Há quem pense que seria feliz se chegasse a possuir fortuna, fama, conhecimentos ou o amor de alguém. Mas, pensando melhor, não nos faltarão exemplos de pessoas que alcançaram tudo isso e, não obstante, não foram felizes. Como contraste, também teremos conhecido pessoas que, apesar de pobreza, defeitos físicos, enfermidades e dificuldades de índoles várias, são felizes.

Na verdade, o homem não foi criado para um destino passageiro, mas para a eternidade junto de Deus. “O homem, separado de Deus, torna-se desumano consigo mesmo e com os seus semelhantes, porque as relações bem ordenadas entre homens pressupõem relações bem ordenadas da consciência pessoal com Deus, fonte de verdade, de justiça e de amor” (Papa João XXIII).

A felicidade de que nos fala Jesus passa pela luta, pelas renúncias e não nasce da idolatria do prazer individual, tal como nos propõe a cultura hedonista e materialista que prevalece no mundo. Sabe-se o quanto a busca insaciável do prazer como ideal de vida (hedonismo) induz o homem a procurar a realização dos seus desejos nas paixões degradantes, perdendo de vista os fins superiores, entregando-se ao vício e à angústia.

Certa vez, o inesquecível Papa João Paulo II pôde escrever assim: “Não é mal desejar uma vida melhor, mas é errado o estilo de vida que se presume ser melhor, quando ela é orientada ao ter e não ao ser, e deseja ter mais não para ser mais mas para consumir a existência no prazer, visto como fim em si próprio. É necessário, por isso, esforçar-se por construir estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom, e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento” (Encíclica “Centesimus annus” nº 36).

Madre Teresa de Calcutá, ultrapassando as fronteiras das diferenças religiosas, culturais e étnicas, ensinou ao mundo esta lição necessária e salutar da Bíblia: “Há mais felicidade em dar que em receber!” (Atos dos Apóstolos 20,35).

Para todos, desejo um santo e abençoado Natal!

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