Perigos reais dos celulares no trânsito


Por José Aparecido da Silva, professor visitante na UFJF e professor titular do Departamento de Psicologia, Campus da USP-Ribeirão Preto

25/10/2018 às 07h00

Imagine-se dirigindo na Rodovia Presidente Dutra em direção a Juiz de Fora. Agora imagine que você, ainda nela, esteja dirigindo sob uma destas quatro condições: sozinho e sem conversação; conversando com o passageiro ao seu lado; sozinho, conversando com alguém no celular manual; ou sozinho, conversando, no celular manual, com alguém que tem a mesma visão de trânsito que você. O que você espera que ocorra?

Os principais resultados claramente indicaram que dirigir enquanto conversando no celular é, apreciavelmente, diferente de dirigir enquanto conversando com um passageiro no carro, bem como dirigir sem qualquer conversação. Motoristas ao celular frequentemente fracassam em reduzir a velocidade quando se aproximam de diferentes situações perigosas, simuladas nas rodovias, resultando, com isso, em maiores taxas de colisão.

Por adição, muitos destes motoristas também fracassaram em ultrapassar outros veículos, não conseguindo aumentar a velocidade para tal a tempo e a contento. Já os que estavam sozinhos, e em silêncio, foram os que melhor, e mais seguramente, desempenharam. Aumentando e diminuindo a velocidade com segurança, desaceleravam rapidamente em situação periculosa, mantendo velocidade apropriada durante ultrapassagem, raramente envolvendo-se em colisões, e, o mais importante, relembravam, facilmente, dos perigos encontrados após assumirem a direção.

De modo similar, motoristas, conversando com passageiros dentro do carro, foram mais capazes de antecipar perigos e reduzir velocidades, desempenhando tão bem quanto aqueles que dirigiam sozinhos. Por sua vez, motoristas conversando no celular com alguém remoto, que tinha a mesma visão de trânsito, desempenharam similarmente àqueles que faziam uso do telefone celular para conversar com pessoas que não viam cenários do trânsito. E, se reagiam aos perigos, usualmente eram mais lentos, pouco os percebendo em comparação aos motoristas dirigindo sozinhos, ou com passageiro no carro.

Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 35 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.