Unidade na diversidade


Por LUÍS EUGÊNIO SANÁBIO E SOUZA Escritor

24/01/2014 às 07h00- Atualizada 02/03/2018 às 13h25

Dois estilos unidos por uma só verdade! Assim pensei ao ver a interessante imagem de dois papas se abraçando no Vaticano durante o ano que passou. O estilo de um não exclui o estilo do outro. Deus desejou o carisma próprio de cada um para guiar a Igreja no seu devido tempo. Antes, tínhamos aquele que foi o braço direito de João Paulo II como defensor da ortodoxia da fé. Era o então cardeal Ratzinger, homem de grande conhecimento doutrinal, dotado de uma inquebrantável sabedoria. Mesmo combatido pelos falsos profetas da teologia da libertação, que deturparam a mensagem cristã através das errôneas, ilusórias e nocivas ideias marxistas, Ratzinger manteve-se sempre fiel à doutrina católica e com isso alcançou o devido respeito que o conduziu ao papado através de uma eleição tranquila. Como Papa, enfrentou problemas difíceis de uma maneira firme e serena.

Renunciou dignamente pensando no bem da Igreja, pois sentiu que o peso da idade estava limitando demais o exercício de seu importante ministério petrino. Vale lembrar que a consolidação de uma síntese completa da doutrina da Igreja em documentos de suma importância, como o catecismo da Igreja Católica e seu compêndio, deve-se ao trabalho incansável deste homem de Deus chamado Joseph Ratzinger. Agora, como Papa Emérito Bento XVI, sua posição é admirável devido à sua educada e respeitosa discrição diante do Papa Francisco. O que dizer do novo Papa? Estamos diante de um novo estilo pastoral querido por Deus para a sua Igreja.

Extrovertido e ao mesmo tempo manso, o novo Papa tem a capacidade de se aproximar do povo com uma linguagem mais acessível. Isso é bom, mas a popularização dos discursos do Papa não é isenta da possibilidade de distorções. Nota-se, por exemplo, que às vezes o Papa tem sido vítima de interpretações imediatistas e superficiais, que são impostas sem um devido aprofundamento das questões. Provavelmente isso levará o Papa a ser mais cauteloso ao expor a doutrina em entrevistas ao vivo. É um desafio para este Papa que gosta de um contato mais pessoal. A palavra de um Papa logo alcança grande repercussão, e numa entrevista informal nem sempre é possível expressar as verdades de maneira integral. É por isso que geralmente os papas não concedem entrevistas.

A proximidade, o jeito bonachão e amoroso do Papa Francisco podem ajudar as pessoas a compreender melhor certas exigências impopulares da doutrina da Igreja. Vale lembrar que a Igreja não está comprometida com a popularidade, mas sim com a verdade do Evangelho que sempre será um desafio para a fraqueza humana. A Igreja avança em sua peregrinação por meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus (Santo Agostinho) e subsiste como a coluna e o sustentáculo da verdade (1 Timóteo 3,15). O Papa também tem a missão de recordar verdades impopulares e até incômodas, mas que são necessárias para promover o bem da sociedade contemporânea.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.