O Serrinha é nosso


Por MARCELO ZAMPIER Colaborador

22/10/2013 às 08h00

Do que precisamos em Juiz de Fora é isso mesmo, um debate sobre a questão dos aeroportos. É assim mesmo, muito simples: não somos uma grande metrópole, e, mesmo num horizonte distante, nada indica que um dia chegaremos lá. Como justificar então um aeroporto a 50km de distância? Ninguém é contra Juiz de Fora ter um novo aeroporto, mas sua localização não poderia ficar a mais de 15km ou menos de 20km do Centro, simplesmente porque não funcionaria bem, como o Serrinha.

Para quem quiser observar, Bauru, no interior de São Paulo, construiu um novo aeroporto a 18km do Centro (Bauru-Arealva), que, com muitas dificuldades, hoje consegue manter cinco voos diários, mas ao longo dos anos ficou com a demanda enfraquecida, demorou a conseguir firmar alguns voos e está estagnado. Não consegue crescer, porque todos acham que é muito longe! Um aeroporto como o de Goianá daria certo se servisse a uma região metropolitana de no mínimo três milhões de habitantes, mesmo assim, se tivesse uma rede de acessos por estradas interligadas e também com perspectiva de ligação por trem ou metrô, como já se planeja para o aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Para quem não sabe, Confins foi uma grande dor de cabeça para o Governo de Minas por cerca de 20 anos e só passou a funcionar de verdade quando o mesmo Governo limitou o Pampulha para aeronaves menores, obrigando as grandes companhias aéreas a migrarem para Confins. Um aeroporto central é tão importante para uma cidade que Londres já tinha quatro aeroportos quando criou, há cerca de 20 anos, o London City, um pequeno aeroporto dentro da cidade, para atender principalmente aos que precisam de deslocamentos rápidos, como os empresários.

Infelizmente, falar mal do Serrinha virou regra na mídia local, mas pelo menos algumas pessoas já acordaram e estão cada vez mais acreditando nessa preciosidade que temos. Aeroportos dentro de cidade são a coisa mais comum que existe no mundo, e uma das cabeceiras do Serrinha, aquela onde caiu o avião da Vilma Alimentos, é quase que totalmente livre. Existe ali a BR-040 e logo depois um mar de montanhas praticamente vazio de habitações. Mas se querem insistir no assunto e perder tempo, sugiro que levem todos os voos da Azul para Goianá, e veremos o que vai acontecer. Isso se a Azul permanecer na região. Com certeza, teremos no máximo um voo diário para Campinas, e os voos para BH (Confins) serão extintos. Ou seja, de dez mil passageiros/mês, a demanda cairá para cerca de dois mil passageiros/mês, e, o pior, Juiz de Fora passará a ser considerada uma cidade que não tem aeroporto. Pensem nas consequências principalmente econômicas disso. Quem é contra o Serrinha é contra Juiz de Fora!

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