COP30: A presença da Igreja católica

“As vozes das principais autoridades da Igreja Católica vieram defender com vigor as medidas de contenção do aquecimento, para assim proteger a Terra – nossa ‘Casa Comum’, como dizia o saudoso o Papa Francisco “


Por Equipe “Igreja em Marcha”, grupo de Leigos Católicos

21/11/2025 às 06h53

Prestes a concluir-se, a COP30, em Belém do Pará, é uma das derradeiras oportunidades para as nações com representação na ONU fazerem reverter o processo de aquecimento global cujos efeitos são mortíferos. Infelizmente, porém, há governantes, grandes empresários e investidores que não só ficam alheios a esse esforço como patrocinam opiniões contrárias. Assim, ao lado do debate propriamente político entre os chefes de Estado, há um debate ideológico que visa conquistar corações e mentes a favor ou contra as medidas de contenção do aquecimento global.

Nesse debate, as vozes das principais autoridades da Igreja Católica vieram defender com vigor as medidas de contenção do aquecimento, para assim proteger a Terra – nossa “Casa Comum”, como dizia o saudoso o Papa Francisco – e os Povos Originários, que cumprem a importante missão de guardiães da Floresta.

As manifestações eclesiásticas foram inauguradas por uma entrevista coletiva à imprensa concedida pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cardeal Jaime Spengler, e pelo arcebispo de Manaus cardeal Leonardo Steiner. O primeiro afirmou que “a Terra pede socorro. Ela pede ajuda” e a Igreja responde por meio de “ações que vêm de encontro ao grito que nasce da terra, dos povos ribeirinhos”. Dom Leonardo completou criticando o Poder Legislativo por ter aprovado “a PEC da destruição”, diante da qual “a Igreja não se cala”. E justificou teologicamente sua posição: “A Ecologia Integral faz parte da fé, faz parte de todo o caminho que nós fazemos para viver o Evangelho, faz parte da visibilização do Reino de Deus. Se a Casa Comum estiver desarranjada, está desarranjado também o Reino de Deus.”

O endosso a essas manifestações foi dado pelo Papa Leão XIV num vídeo de saudação às Igrejas particulares do Sul Global reunidas em Belém, quando disse “Vocês escolheram a esperança e a ação, construindo uma comunidade global que trabalha em conjunto”. O Papa recordou que a criação clama em enchentes, secas, tormentas e um calor implacável: “Uma de cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade em consequência dessas mudanças. Para elas, a mudança climática não é uma ameaça distante. Ignorar essas pessoas é negar nossa humanidade compartilhada. Ainda há tempo para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C, mas a janela está se fechando. Como custódios da criação de Deus, somos chamados a agir com rapidez, fé e profecia para proteger o dom que Ele nos confiou”. E concluiu dizendo “devemos ser honestos: não é o Acordo que está falhando, senão nossa resposta. O que está falhando é a vontade política de alguns.”

Esperamos que, terminada a COP30, não seja esquecido o compromisso da Igreja com as grandes causas do nosso século: a Casa Comum da Humanidade e de todas as espécies vivas, e as populações empobrecidas. Nossa Igreja não pode simplesmente retomar a vida rotineira, com suas celebrações e rezas, como se este mundo já estivesse conforme o projeto de Deus.

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