Dona Lêda com Deus


Por EQUIPE IGREJA EM MARCHA, GRUPO DE LEIGOS CATÓLICOS

21/11/2015 às 07h00

Deus veio nos visitar essa semana e levou para Ele dona Lêda Schmidt de Andrade. Dentro de poucos dias, em 8 de dezembro, comemoraremos o cinquentenário do encerramento do Concílio Vaticano II, com um Jubileu extraordinário sobre a Misericórdia. No início do Concílio, monsenhor Miguel Falabela de Castro convidou algumas militantes da Ação Católica (AC) para escrever essa coluna, adiantando o protagonismo dos leigos que o evento iniciaria. Lêda Schmidt de Andrade, sua irmã Marília Schmidt de Araújo e Maria Vicentina Pinto de Moura, às quais viria se juntar pouco depois Nilza Nardelli Monteiro de Castro. Nessa tarefa, conhecemos d. Lêda. Ela já tinha então uma trajetória na Igreja, mas a vivência profunda do Concílio a marcou profundamente.

Mesmo na hierarquia da Igreja, não encontramos muitas pessoas que tenham assumido uma vida tão consonante com os documentos conciliares. Participou intensamente da reforma litúrgica. Possuía um raro senso de missão, vivendo diuturnamente o que ela chamava de pastoral ambiental: cada cristão ser, em todos os ambientes em que estiver, um propagador do Evangelho, principalmente com o seu testemunho de vida. Praticamente em todas as dimensões da vida que o Concílio cobra a atuação dos cristãos, lá estava d. Leda. Foi precursora do ecumenismo sempre. Apoiando o reverendo Breno Schumman na década de 1970. Participando da criação do fórum para a unidade dos cristãos ativamente a partir de 1993. Acolhia em sua casa os irmãos de Taizé, comunidade ecumênica. No quesito participação social, ajudou a fundar o Comitê Brasileiro da Anistia na década de 1970, em resistência à ditadura. No final da década de 1970, foi cofundadora do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Juiz de Fora, onde militou até que a doença a impedisse.

Além do testemunho de vida como esposa, de educadora magnífica de quatro filhas e dois filhos que honram em nosso meio a missão da mãe, enquanto criam seus cinco netos e uma bisneta.

A geração que faz a coluna foi também formada na fé e nos compromissos de dona Lêda, e nos orgulhamos disso. Pessoas como ela mantiveram viva a doutrina do Vaticano II, quando muitos na Igreja se esqueciam desse magistério. O Papa Francisco agora vem reavivar os ensinamentos conciliares, e o Jubileu que se inicia no dia 8 será um grande momento de tomada de consciência com esse objetivo. Os ideais do Papa serão retomados com muito mais facilidade, porque a Graça de Deus nos propiciou pessoas como dona Lêda. Não é de se estranhar que Deus tenha vindo buscá-la para no Seu seio celebrar esse Jubileu.

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