E as mudanças tardam
Os jovens, e os velhos também, que foram às ruas recentemente extravasavam seu desencanto com os partidos políticos e com todas as práticas viciadas de seus integrantes. Os jovens (e os velhos também) buscavam novas e éticas ações e projetos para uma arejada e efetiva democracia; procuravam ter ouvidos para suas falas de renovação e participação. Enquanto tudo isso acontecia, três agremiações buscavam obter seu registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral para atuar na arena política. Duas delas conseguiram. Seguiram-se as consequências desse sinal verde: a troca de legendas pelos políticos sem compostura. Segundo o senador Pedro Simon, o STF definiu que quem sai leva o tempo de TV e o fundo. É um balcão de negócios: tu me dás aqui. Eu te dou ali. Tenho dois minutos e tenho tantos mil e não sei mais o quê.
Um, por seu idealizador, o deputado Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, mal nasceu e já está arrependido de ter negado suas origens de oposição e passado para a situação em troca de cargos e aprovação de emendas. O outro segue seu caminho segundo seus objetivos: apoiar a situação sem precisar envergonhar-se da mudança de ideologia. Falsificação de milhares de assinaturas de apoio, inclusive de mortos, está na bagagem de um deles. O terceiro teve negado seu registro de criar uma agenda estratégica para o país e… (inscrever) o debate sobre a sustentabilidade em sua página central e… (questionar) os falsos consensos sobre produção de consumo, energia, infraestrutura e todos os elementos de uma ideia de progresso que herdamos do século passado e que já chegou a seu limite (Marina Silva).
Denunciando os limites do sistema jurídico e político do país, vai abrir possibilidade de mudanças. Diferentemente de todas as outras agremiações políticas, a Rede procurou representatividade social antes de tentar o registro no TSE. A perplexidade pela negativa do registro deve ser debitada à Justiça Eleitoral, que já permitiu perplexidades outras, não sendo bastante para o exercício do voto o uso do título eleitoral por ela expedido, que devia ser acompanhado de qualquer outro documento, e ser permitido o uso de qualquer outro documento do eleitor, mesmo sem o título! O eleitor, desapontado, começa a acreditar que zona eleitoral significa algo mais do que uma simples divisão administrativa da Justiça.