Mobilidade: o que fazer?
Nos últimos anos, muitas cidades brasileiras não deram a devida atenção ao crescimento exponencial de suas frotas veiculares. Se uma frota cresce a 7% ao ano, ela dobra em dez anos, enquanto que, se o espaço viário crescer a 2% ao ano, dobrará em 35 anos. O que se questiona é: que medidas tomar para solucionar os problemas gerados pelos congestionamentos? A resposta é simples: basta usar como alternativa a imediata ampliação da oferta de transporte público de maior capacidade, qualidade e, se possível, troncalizado, que trafegue em faixas seletivas exclusivas. A medida, muito provavelmente, será um poderoso instrumento de desestímulo ao uso indiscriminado e excessivo do automóvel. Começa por aí a solução desse complexo problema urbano.
Técnicos e administradores públicos devem ficar atentos; as cidades precisam ser permanentemente monitoradas e repensadas. Nesse contexto, incluem-se medidas de inversão da lógica do trânsito, ou seja, a prioridade até então concedida ao automóvel deve ser revertida, de forma a transferir gradativamente os usuários do transporte individual privado para o transporte público, quiçá, em menor escala, para o transporte não motorizado, objetivando que as cidades continuem focadas no ser humano, e não no automóvel.
A rigor, não se pode dizer que a mobilidade urbana em Juiz de Fora seja caótica. Existem, de fato, certas retenções de tráfego em determinados horários, que, no entanto, não chegam a níveis de serviços considerados críticos. A engenharia de tráfego, no entanto, não pode se acomodar. No nosso caso, a iminente construção de viadutos, pontes, trincheiras e obras destinadas à transposição do Rio Paraibuna e transposição da ferrovia são mesmo importantes, porém, sabemos que são soluções temporárias. O mais importante é ter sempre em mente que as cidades não dispõem de mais espaço para acomodar o volume de veículos que diariamente entram em circulação. A estabilidade econômica e os incentivos governamentais à produção e venda de automóveis geraram sérios problemas para as cidades, afinal, o automóvel é sonho de consumo de todos nós.
O crescimento das frotas veiculares nas cidades é algo inevitável, mas, nem por isso, a mobilidade urbana pode ficar comprometida. Em situações de maior resistência dos congestionamentos viários, a engenharia de tráfego tem como instrumentos taxar esses congestionamentos através do pedágio urbano e/ou a quilometragem rodada, aplicar o rodízio de placas, assim como desestimular o estacionamento por medidas de caráter físico, regulamentar e fiscal, exatamente como fizeram com sucesso as cidades de Singapura, Londres e Estocolmo, exemplos a serem seguidos pelas cidades brasileiras.