Abusos persistem – acidentes triplicam em JF


Por CELSO PEREIRA LARA, FUNCIONÁRIO PÚBLICO APOSENTADO

19/08/2015 às 07h00

Se bebida fosse algo bom, não haveria tanto desastre no trânsito. Podemos afirmar que a Lei Seca foi uma grande conquista da sociedade nos últimos tempos, embora os índices de acidentes continuem alarmantes. Aprovada em junho de 2008, a Lei Seca deixava uma brecha que favorecia os infratores: o teste do bafômetro. Bastava o condutor do veículo recusar o teste, e ele não seria autuado por dirigir embriagado. Por causa disso, a partir de dezembro de 2012, a lei sofreu modificações radicais: determina outros meios, além do bafômetro, para serem utilizados para provar embriaguez do motorista.

O texto também prevê aumento da multa para R$ 1.915,30, além de recolhimento da habilitação e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. E o mais importante é que, de acordo com as necessidades, a norma poderá sofrer adaptações e tornar-se mais rígida. Esse é o grande fator. Embora os consumidores de bebidas alcoólicas, inconformados com essa proibição, continuem a demonstrar que não se intimidam com nada, certamente eles só têm a perder, caso sejam parados por uma blitz ou por um desastre. A mudança de comportamento se faz necessária, e os policiais da fiscalização no trânsito não estão para brincadeira: aos infratores, a lei.

Essa norma proibitiva apresenta dois benefícios à sociedade: um, o de tentar corrigir a irresponsabilidade praticada pelo motorista ao dirigir em estado de embriaguez; o outro, o de tentar conscientizar o motorista e a população em geral quanto aos efeitos do álcool. Como prova da falta de consciência e de responsabilidade, há motoristas que dirigem até com garrafas de bebidas etílicas dentro do próprio veículo.

A relutância por parte desses motoristas é natural, da mesma forma quando foi criada a obrigatoriedade para o uso do cinto de segurança. No início, muitos contestaram, foram multados, mas hoje em dia quase todos seguem a norma. A comparação é quanto ao cumprimento da lei e os efeitos de sua conscientização.

O que levou à criação da Lei Seca foram os altos índices de acidentes provocados por motoristas embriagados. Foram desastres horríveis, que carregaram em seu bojo muitas vidas inocentes. A ocorrência desses casos aumenta nas datas festivas como Ano-Novo, carnaval, e até no Natal e na Semana Santa. Ao que parece, para quem gosta mesmo de bebidas, tudo é motivo para comemoração. Se estiver fazendo calor, vamos tomar uma geladinha. Se estiver fazendo frio, vamos tomar uma para esquentar. Se o time de futebol venceu, vamos tomar uma; se perdeu, vamos tomar duas. E assim bebe-se o ano inteiro, sem que se perceba.

Há os que bebem pouco, os que bebem muito e os que nada bebem. Quanto aos que não bebem, a qualidade de vida deve ser bem melhor e por isso lutam para se manter com saúde. Os que bebem pouco conhecem o seu limite. Os que bebem muito preferem assim e por isso continuam a beber cada vez mais, sem limites, não admitindo que ninguém os faça parar ou mudar de ideia. Talvez, neste momento, por petulância, estejam bebendo e fazendo um brinde à Lei Seca.

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