Economia de energia


Por WILSON FERNANDES LAGE - ENGENHEIRO DE PLANEJAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO DA CEMIG

19/02/2014 às 06h00

Após 119 dias de vigência, o horário de verão chegou ao fim e novamente consolidou sua importância para o setor elétrico brasileiro. Conforme verificou a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), em sua área de concessão, houve uma redução diária da demanda máxima – o chamado horário de pico – de 4%, o que equivale a 340MW, valor 6% superior ao do ano passado.

Essa energia é suficiente para atender a uma demanda de ponta de uma cidade de 750 mil habitantes, equivalente à soma das cidades de Juiz de Fora e Sete Lagoas (MG). Além disso, com relação ao consumo de energia, foi obtida uma economia de 0,5%, o que representa cerca de cem mil megawatts/hora, durante todo o período. Essa economia é suficiente para abastecer Belo Horizonte durante oito dias. Além de Minas Gerais, o Distrito Federal e outros nove estados – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul – adotaram a medida.

O objetivo é reduzir a demanda de energia no país, principalmente no horário de pico, que vai das 18h às 22h, e, assim, aumentar a confiabilidade do sistema elétrico. Nesse período, a iluminação pública é ativada, e a maioria das famílias retorna para casa, aumentando assim o consumo de energia elétrica com a utilização de eletroeletrônicos, chuveiros e demais aparelhos.

A medida entra em vigor no verão devido ao posicionamento da Terra em relação ao Sol durante a estação, uma vez que os dias têm maior duração do que as noites. Nesse período, grande parte da população acorda com o dia já claro, com o sol alto no horizonte. Os estados que adotam o horário de verão devem adiantar os relógios em uma hora, para que as pessoas acordem mais cedo e passem a aproveitar melhor a luminosidade natural dos dias mais longos. Nas cidades, as pessoas começam a chegar em casa por volta das 18h, ainda com o dia claro, quando é horário de verão. Elas tomam seus banhos sem acender as luzes, ou seja, sem precisar utilizar a iluminação artificial.

Com isso, há redução de consumo de energia, porque não ocorre a coincidência das cargas de chuveiro elétrico, que consome muita energia, com a entrada da iluminação artificial (residencial, comercial e pública). Além disso, se as pessoas dormirem no mesmo horário rotineiro, utilizarão menos tempo de iluminação nas suas residências, economizando energia elétrica.

Vale ressaltar, ainda, que o horário de verão só traz benefício para as regiões mais afastadas da Linha do Equador. Para as regiões mais próximas a este ponto, os dias e noites têm praticamente a mesma duração ao longo de todo o ano, fazendo com que a prática seja desnecessária. Por isso, os demais estados das regiões Norte e Nordeste não adotam a medida.

Apesar da mudança em nossa rotina, a população brasileira tem reconhecido a importância do horário de verão. A última pesquisa conduzida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), realizada por meio da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), apontou que a opinião pública dos estados das regiões onde se aplicou o horário de verão se mostrou favorável à adoção da medida, com, aproximadamente, 74% de aprovação.

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