Samarco e as vidas que agonizam


Por GUSTAVO ALVES RATTES, COLABORADOR

18/11/2015 às 07h00- Atualizada 18/11/2015 às 08h09

Minas Gerais é muito conhecida pela sua culinária, por suas cidades históricas com seus casarios e ladeiras, pelas suas montanhas e pelo seu povo hospitaleiro, que possui como marca registrada o “uai”. Infelizmente, agora também somos conhecidos por um dos piores acidentes ambientais do Brasil e, sem sombra de dúvida, o pior de nosso estado. A Samarco possui como slogan “Desenvolvimento com envolvimento”. Desenvolvimento de quem? Do que adianta responder por 30% de uma arrecadação de impostos de um município depois de provocar esta catástrofe ambiental e moral? Alguém tem noção dos danos causados ao meio ambiente?

Os ambientalistas estão em pânico, porque claramente se percebe que o Rio Doce está agonizando, com a morte de milhões de peixes, camarões e toda sorte de vida presente na água doce. E as cidades que necessitam desta água para abastecer sua população? Até que ponto este mar de lama vai assorear trechos deste rio? E Bento Rodrigues? E as vidas que se foram? Dinheiro nenhum poderá restituir a história desses moradores que agora se vêm obrigados a abandonar seus lares de origem!

Por que aconteceu este desastre ambiental? Que dinheiro poderá pagar tantos danos ocasionados? Com certeza, temos perguntas que não poderão ser respondidas no presente, e somente o futuro será capaz de preencher as nossas indagações, porque este fato foi muito mais grave do que pensamos!

Este é o nosso Brasil! Apesar de possuirmos leis ambientais rígidas, fica fácil para quem desrespeita o meio ambiente recorrer sucessivas vezes na Justiça da aplicabilidade de multas por parte dos órgãos ambientais, porque quase sempre se consegue protelar o pagamento destes valores.

Certamente, para a comunidade internacional, o Brasil é visto como um país que tolera processos industriais antiéticos na ânsia de se obter uma maior arrecadação de impostos, abertura de novos postos de trabalho e possuir, muitas vezes, uma fiscalização ineficiente ou mesmo displicente, no que se refere ao meio ambiente.

Após o rompimento das barragens instaladas acima de Bento Rodrigues, a imprensa noticiou que o Ministério Público de Minas Gerais já havia advertido a Samarco sobre alguns procedimentos necessários para a melhoria operacional da barragem, mas o prazo extremamente longo não foi suficiente para evitar a tragédia de Mariana.

Somos mesmo um país de terceiro mundo! Nossas leis esbarram nos inexplicáveis recursos jurídicos que apenas favorecem os mais poderosos em detrimento do povo brasileiro. Vidas inocentes se foram! O Rio Doce agoniza, bem como toda a sua fauna e a sua flora! A história de toda uma comunidade se apagou debaixo da lama! Populações serão prejudicadas! Até quando agonizaremos face a irresponsabilidade dos arrogantes que exploram nossas terras?

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