Nova matriz energética automotiva


Por José Luiz Britto Bastos, especialista em mobilidade urbana

18/10/2018 às 07h00

Pode até parecer utopia, mas os motores movidos a derivados de petróleo estão com os dias contados, afinal, o petróleo é um combustível fóssil finito, cujas reservas mundiais, segundo previsões da Agência Nacional de Petróleo — ANS e da British Petroleum — BP, terão duração de, no máximo, 40 ou 50 anos.

Registros históricos nos dão conta de que a utilização do petróleo remonta a 4000 a.C., devido a afloramentos frequentes no Oriente Médio. Os povos da Mesopotâmia, do Egito, da Pérsia e da Judeia já utilizavam o betume para pavimentação de estradas, calafetação de grandes construções, aquecimento e iluminação de casas, bem como lubrificantes. A moderna indústria petrolífera data de 1850, quando James Young, na Escócia, descobriu que o petróleo podia ser extraído de carvão e xisto betuminoso e criou processos de refinação.

As reservas mundiais de petróleo em 2014 eram de 1,7 trilhão de barris. A frota mundial em 2016 era de um bilhão de veículos, e essa frota mundial consome, por dia, 97,9 bilhões de barris. Esse consumo não pode continuar. A queima de derivados do petróleo é altamente poluente, e as reservas existentes devem ser preservadas, por se tratar de matéria-prima utilizada para outras importantes e necessárias finalidades.

Nesse sentido, entre 2020 e 2040, Índia, França, Reino Unido, Áustria, Noruega e Holanda não mais fabricarão motores movidos a diesel e gasolina. Fabricantes de automóveis, BMW, Nissan, Volvo e Chevrolet, entre 2019 e 2022, somente farão veículos dotados de motores 100% elétricos. O mundo demorou 20 anos para ter um milhão de carros elétricos. No entanto, atingiu, em 18 meses, 2 milhões, em 8 meses, 3 milhões, e, em 6 meses, 4 milhões de unidades. Até 2020, serão 13 milhões de veículos 100% movidos a eletricidade.

Ainda agora, o Salão do Automóvel de Paris vive o ano da revolução elétrica. A partir de janeiro de 2019, os primeiros lançamentos dos carros elétricos estarão definitivamente nas ruas (Sérgio Abranches – Rádio CBN). No Brasil, os ônibus da fabricante chinesa BYD já estão em experiência nas ruas da cidade de São Paulo, Campinas-SP e, brevemente, em Niterói-RJ. Enfim, a eletricidade é agora a nova matriz energética veicular, limpa, sustentável, irreversível, uma realidade que o mundo recebe de braços abertos e o meio ambiente agradece!

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.