Pela impunidade e contra a vida!


Por José Luiz Britto Bastos, especialista em transportes e trânsito

18/07/2019 às 07h00

Desde 1997, quando entrou em vigor o Código de Trânsito Brasileiro, intensa tem sido a luta para retirar o Brasil da quarta colocação do rol dos países com mais vítimas fatais do trânsito. Aqui, por ano, cerca de 60 mil pessoas são vítimas fatais desses acidentes. São mais de 500 mil feridos, muitos deles mutilados para sempre, tudo isso a um custo anual de mais de R$ 60 bilhões para o país.

Nesses 22 anos, não fizemos outra coisa senão trabalhar no sentido de tornar a legislação de trânsito mais rígida e menos tolerante, principalmente educando e, se necessário, punindo exemplarmente infratores que não têm por hábito o respeito às leis, sobretudo quando trafegam pelas vias em excesso de velocidade, praticam ultrapassagens proibidas, avançam sinais vermelhos ou dirigem bêbados, etc.

Sob esse aspecto, o objetivo das autoridades de trânsito tem sido combater o que se pode denominar “indústria de infratores”, sim, porque o mais comum é a negligência de condutores que transgridem as leis e tentam justificar a irreverência de seus atos afirmando que no país há uma “indústria de multas”. Essa absurda falácia é agora propagada pelo presidente da República, que defende a imprudência e a negligência e a crença na existência da tal “indústria da multa”.

O costumeiro desrespeito às normas de trânsito prejudica a segurança viária e a proteção à vida.

Como cidadão e especialista em transportes e trânsito, me sinto no direito de discordar do presidente, que em hipótese alguma deveria interferir na fiscalização eletrônica do trânsito rodoviário, no aumento dos pontos da CNH resultantes de infrações cometidas, na exclusão da punição aos pais que deixem de usar as cadeirinhas e os assentos elevatórios necessários à proteção da integridade física de seus filhos, assim como modificação no prazo de validade das CNHs, etc.

Medidas consideradas equivocadas, que desprezam anos de intensa luta por mudanças comportamentais da parte de quem faz o trânsito. A meta é impor o respeito às normas, proteger a vida e diminuir o sofrimento das famílias que perdem seus membros nos trágicos acidentes viários cotidianos!

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