Candidatofobia


Por JOÃO CARLOS DE S. L. FIGUEIREDO - ADVOGADO E PROFESSOR

17/11/2013 às 07h00

A palavra candidato vem de cândido, puro, alvo, sem mácula, quase santo, munido de todas as qualidades para exercer um mister público e como se fosse se investir na função com vestimenta branca, com aquela clareza absoluta, tanto em termos profissionais quanto morais. Isto vale para cargos eletivos ou preenchidos por concurso público. Concursado, aprovado, nomeado e empossado. Empossado por mérito, após período probatório necessário, é auferida, enfim, a condição de estável, possibilitando servir a nação até se aposentar.

As carreiras no setor público são, assim, as fundamentais instituições que garantiriam o funcionamento do Estado em sua plenitude, nos três Poderes da República, em todos os níveis da administração pública federal, estadual e municipal. Acontece que não primamos por considerar, observar e analisar que existem candidatos que já provaram o seu valor, aprovados que foram nos certames e que, após muitos meses e completando quase dois anos, não foram chamados. Porém, terceirizados já até foram contratados e certamente farão concurso para aquela vaga, quando novamente for aberta, já que o concurso passado expirou.

Podemos asseverar que houve furto do tempo dos aprovados. Houve tempo furtado do sono, da lida, do estudo, do convívio com a família, da alegria de ver os filhos e parentes adentrarem num órgão público para diplomação e posse. É como se disséssemos assim: não valorizamos, no Brasil, quem estuda e quem é competente, mas, sim, aqueles que se alinham por nepotismo (nas suas infinitas fórmulas impalpáveis) ou interesses comuns e partidários com os detentores do poder.

Então, quando algum assessor de político é contratado para orientá-lo, logo percebemos a qualidade inestimável e sem reservas quanto à competência; já com relação àquele que será contratado, sem concurso, para servir ao público, logo se percebe a fobia por candidato concursado que tenha sido aprovado. Até quando isto perdurará, não se sabe, e assim ocorre desde a época de Gregório de Matos Guerra.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.