A culpa não é de Alzheimer!


Por SAGRADO LAMIR DAVID Médico

17/10/2014 às 06h00

Valorizamos muito pouco aquilo que sábios adágios, supostamente populares, nos ensinam e acabamos descobrindo que o óbvio da existencialidade é acessível a todos os seres vivos, seja pela simplicidade do ato de viver ou seja pela aplicação inteligente daquilo que chamamos de conhecimento, para, realmente, descobrirmos tudo aquilo que já estava dentro de nós mesmos. Os animais são muito mais espertos do que nós, pois usam “apenas” o instinto, aquele mesmo instinto nobre que fez Nietzsche afirmar que “não é só a razão, mas também a nossa consciência que se submete ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós”. Por que escrevemos tudo isso? Simplesmente pelo fato daquilo que os produtores de conhecimentos, de uso para aquilo que chamamos de progresso e riqueza, criaram sob a forma de GPS, sigla americana de “Sistema de Posicionamento Global”, aprimorando aparelhos – olha as máquinas – muito usados para nos situarmos onde estamos, para onde estamos indo e, especialmente, para onde devemos ir.

Mas sempre descobrindo, a cada nova descoberta, que o essencial de tudo já existe dentro de nós mesmos, de cada um e de todos, nessa supermáquina incrível, fantástica, que é o ser vivo: animal, vegetal e até mineral. Que viver é conviver, é participar, enfim, é encontrar-se ao olhar um semelhante, e encontrar o semelhante ao olhar-se ao espelho! E o melhor espelho é a vida, do passado, do presente e do futuro, pois todos se encontram, diariamente, dentro de nosso cérebro, onde o demônio recebeu o apelido injusto de Alzheimer, que deu nome à doença que tão bem estudou! Homenagens humanas, da ciência, mas não da mente lúcida e do coração ardente! Conclusão? Foi trazida, brilhantemente, pelos dois noruegueses e um americano vivendo na Inglaterra que ganharam o Nobel de Medicina de 2014 ao anexarem ao frio GPS maquinal o adjetivo mental, mostrando a incrível máquina divina que somos e que, cada vez mais, se dissocia de si mesma ao se viciar em artefatos desumanos, entre eles os perigosos computadores. Desde o gigantesco Golem até as diminutas máquinas “pen santes” que transformam nossas ingênuas criancinhas em pequenos golens humanos.

Sugestão final para os leitores humanistas deste despretensioso artigo. Usem, sem excessos, o aforismo popular que diz “de pensar, morreu um burro” e passem a assumir a plenitude da eternidade global, usando ao máximo – sem medo – o seu GPS mental, treinando diariamente, por recordações que vivem em nossa mente e garantem união exemplar e divina entre razão e coração! Não evitem o Alzheimer fazendo palavras cruzadas, mas vivam se lembrando – sem medo – de tudo que já viveram , pois o passado é o alicerce do presente, e o presente é o alicerce do futuro! Aí o segredo da eternidade! Recordar é viver!

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