O que acontecerá amanhã?


Por PAULO CESAR DE OLIVEIRA Jornalista e diretor-geral das revistas Viver Brasil e Robb Report

17/09/2013 às 07h00

Amanhã é o dia D para o processo do mensalão que já vem se arrastando ao longo de praticamente oito anos, desde que foi denunciado pela Veja, em maio de 2005. Depois de sete anos nos escaninhos da polícia e da Justiça, o crime foi a julgamento em agosto do ano passado. Foram quatro meses e meio até que saíssem as sentenças. Agora, há um mês, o STF decide se aceita ou não recurso.

Acredito que tudo seria mais rápido se não fosse o espetáculo público da transmissão ao vivo das sessões do Supremo. A ideia foi de Joaquim Barbosa, sob a alegação de que o povo tinha que participar. Só que o povo mesmo não está nem aí. A classe média, talvez. Amanhã, o ministro Celso de Mello decidirá se haverá os embargos infringentes. Ele, lá atrás, já disse ser a favor deles. Vamos caminhando para a impunidade, presente em tudo no Brasil, sem ninguém querer dar um fim nela. Nem o Supremo Tribunal Federal, nem o Senado e muito menos a Câmara Federal, que, lembrem-se, não cassou o deputado presidiário Natan Donadon, preso na penitenciária da Papuda.

A Câmara Federal agiu desta forma por puro corporativismo. O país, tenham certeza, estaria noutra situação se não fosse a impunidade em todos os níveis, que sustenta e estimula a corrupção e tantos outros malfeitos. Em países desenvolvidos, todos sabem que existem corrupção e malfeitos, mas seus autores não agem de forma tão descarada, pois sabem que, se descobertos, são punidos, vão para a cadeia, seja quem for. No Japão, até cometem suicídio. No Brasil, fica tudo na mesma.

Donadon é o único caso de um deputado que está preso.Teve o azar de o final de seu processo coincidir com as manifestações de junho, que infelizmente foram esvaziadas. Mas é bom ficar atento. O povo, mais especificamente a classe média, pode, um dia, cansar de tudo, e aí ninguém sabe o que pode acontecer. Por enquanto, continua assim porque todos acham que o brasileiro é pacífico. Mas até quando?

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