Por que diabos ninguém os escuta?


Por KAROLYNA AFONSO Estudante de direito

16/06/2015 às 04h00

Existem perguntas das quais não sabemos as respostas, mas as buscamos. Como para onde iremos, de onde viemos, e por aí vai. Eu, particularmente, venho buscando uma resposta, mas a pergunta creio eu que não seja tão complexa e dinâmica quanto essas. Brasil, 2015, tendo como ponto de partida junho de 2013. A população deixa de lado a “timidez” e o comodismo e vai até as ruas gritar algumas coisas. A maioria destas coisas está sendo aclamada por muitos, coisas que são inconvenientemente repetidas, coisas que já se tornaram até mesmo clichês.

Agora vem a pergunta: por que diabos ninguém os escuta? O Brasil está nitidamente insatisfeito, e, quando digo isso, me isento de qualquer colocação partidária ou pessoal. Digo no âmbito geral: estamos insatisfeitos, mas não é com A, B ou C, a insatisfação abrange o alfabeto inteiro. São aclamadas as mudanças, são detalhadas as mudanças, são apresentadas as mudanças, são ignoradas as mudanças, e, junto a elas, ocupando um lugar privilegiado no corredor do desprezo está o povo, cansado, mas ainda de pé.

Gostaria de saber para que servem os sentidos dos nossos representantes, tendo em vista que não nos escutam, não nos veem e quiçá falam conosco. Gostaria também de saber que patamar superior é este que faz com que eles fiquem intocáveis e supremos diante do seu povo. Dizem que isso tudo é uma herança, proveniente de dom Pedro: a corrupção, o poder absoluto, os impostos, etc., mas, além de descartarem inúmeros aspectos temporais, e a vergonha na cara, descartam também a realidade, que naquela época era de uma monarquia, logo, eram limitadamente justos alguns desses aspectos. Hoje, vivemos numa democracia com características monárquicas, o que é ilimitadamente injusto, no mínimo.

Dom Pedro não tem nada a ver com isso, e, se tem, por suas péssimas contribuições, por que não preservar e cultivar contribuições positivas de uma série de figuras importantes já existentes no Brasil? Acredito que seja muito mais fácil comentar ideias de Ruy Barbosa que se sujeitar a ir tão longe. Mas o fato é que precisam de um culpado. Eu assumo a minha culpa, na verdade, estou assumindo a minha parcela de culpa há exatos 19 anos, e que fique registrado que não assumo mais.

Agora, aguardo arduamente pelo dia em que os verdadeiros culpados se culparão e se retratarão, mas não apenas aguardo, como cobro, grito, protesto, luto e não desisto de ser vista, ouvida e atendida, porque, por mais clichê que seja, é a mais pura verdade: o brasileiro não desiste nunca.

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